São Paulo, terça-feira, 11 de julho de 1995
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Mercedes quer gerenciar dados do Sivam

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Alemanha entrou na disputa pelo controle das informações sigilosas do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).
O governo alemão ofereceu empréstimo de US$ 131 milhões ao Brasil caso o grupo Mercedes-Benz participe do projeto. A proposta inclui prestação de serviços em área de segurança nacional.
A oferta foi feita em carta da Daimler-Benz Aerospace, do grupo Mercedes-Benz, ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), datada de 25 de maio. A empresa escolheu Suplicy como intermediário da proposta junto ao governo.
O projeto Sivam, orçado em US$ 1,4 bilhão, é um sistema de vigilância dos espaços aéreo e terrestre da Amazônia por meio de radares e satélites.
``Nós estamos prontos para cooperar com uma empresa brasileira, no sentido de ajudar a acelerar sua capacidade técnica para ser a principal integradora no Brasil", diz a carta da empresa alemã.
O projeto do Sivam estabelece que, por motivos de segurança nacional, caberia exclusivamente a uma empresa brasileira a tarefa pleiteada pelos alemães, chamada de integração -desenvolver programas de computador, gerenciar e armazenar informações sigilosas.
A empresa nacional escolhida pelo governo para ser a integradora, a Esca, foi afastada do projeto devido a acusações de fraude contra a Previdência Social.
Para o governo, a Esca era a única empresa no Brasil capaz de exercer a função. Com o afastamento da empresa, o Ministério da Aeronáutica contratou funcionários da Esca e, oficialmente, assumiu o papel da integradora.
A deficiência do projeto, com a saída da Esca, é sutilmente mencionada na carta dos alemães. ``Nós queremos apresentar oficialmente nosso interesse em cooperar no projeto, e nós evitaremos qualquer obstáculo que possa perturbar a implementação dos primeiros passos do processo", diz a carta.
A Folha revelou ontem que o governo irá entregar toda a verba destinada aos serviços da integradora (US$ 170 milhões) à empresa Raytheon, dos EUA, conforme contrato assinado em 27 de maio.
A empresa alemã admite a influência da Raytheon no projeto. ``Nossas relações comerciais e técnicas com a Raytheon são muito boas", diz a carta.
A Folha procurou ontem, por telefone, o secretário de Assuntos Estratégicos, Ronaldo Sardenberg e a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto às 17h30 e 18h, respectivamente. Até o início da noite de ontem, porém, não houve resposta do governo.

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