São Paulo, terça-feira, 11 de julho de 1995 |
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CNPq cria programa para investigar bolsista
RICARDO BONALUME NETO
O CNPq criou agora um novo programa para descobrir o que os bolsistas fazem no exterior. É o Sabe (Sistema de Avaliação de Bolsistas no Exterior), que busca, por entrevistas e questionários com bolsistas retornados, descobrir quais os problemas do pesquisador brasileiro lá fora. ``Já entrevistamos cem e descobrimos que é preciso rever a pós no exterior. Está muito aberto, é preciso induzir mais", diz Lindolpho de Carvalho Dias, do MCT. Um pesquisador que esteve recentemente no Reino Unido e estava na platéia concordou. Evilásio Fialho, químico da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), diz que o estudante ``fica muito solto lá fora". Para ele, é preciso haver maior seletividade do CNPq, inclusive na escolha dos orientadores. ``O orientador estrangeiro nem sempre tem interesse no estudante", diz Fialho. O cientista da UFRN também comentou que a expansão exagerada produziu distorções. ``Temos 30 doutores em química mas só um terço é produtivo", diz. Segundo ele, é gente que ``não trabalha porque não tem condições, e não tem condições porque não quer trabalhar". Reclamações sobre a desigual distribuição das verbas de ciência foram uma constante. Segundo o físico Sergio Rezende, secretário de ciência de Pernambuco, países como Japão, França e Alemanha têm centros de pesquisa espalhados por todo o território. ``No Brasil, a única exceção é a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)". Esse modelo, de ``geração espontânea", segundo Rezende, ``peca pela falta de planejamento estratégico". Lourival Mônaco, presidente da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), diz que os responsáveis pelo fomento à ciência precisam ``atuar de forma específica, respeitando as características de cada Estado, para popular os vazios". O apoio da Finep a cinco centros de supercomputação em vários pontos do país, inclusive no Nordeste (no Ceará), é um exemplo desse tipo de ação regional, segundo Mônaco. Segundo Carvalho Dias, o sonho do MCT de fazer o país gastar 1,5% do seu PIB (Produto Interno Bruto) com ciência e tecnologia em 1999, em vez do 0,7% atual, vai exigir que o país tenha cerca de 100 mil pesquisadores. Segundo ele, esse aumento do esforço corresponderia a gastos de R$ 10 bilhões em 1999, contra os atuais R$ 3 bilhões. Um dos mecanismos para aumentar o gasto seria encorajar as empresas a fazê-lo, através de incentivos fiscais. (RBN) Texto Anterior: Cientista ganha mais do que pesquisa Próximo Texto: Darcy Ribeiro evita falar a respeito de projeto de lei Índice |
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