São Paulo, terça-feira, 11 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Debate discute nova ordem mundial

FERNANDO ROSSETTI
DO ENVIADO ESPECIAL

O Estado nacional, como é conhecido desde a Revolução Francesa, no século 18, está ameaçado pela chamada ``nova ordem mundial", na qual o poder econômico cria novos focos de poder.
``Talvez estejamos vivendo o fim de um modelo de política, aquele dos governantes eleitos", afirmou o cientista político Renato Janine Ribeiro, da USP.
Ele coordenou a mesa-redonda ``A Soberania Contestada: Os Estados Nacionais ante a Internacionalização da Economia", ontem na 47ª reunião da SBPC.
Para Ribeiro, há ``um esvaziamento do poder nacional sobre a moeda. Cada vez mais países, pelo menos em nosso continente, abrem mão do poder de controlar esse atributo da soberania, atrelando-a ao dólar".
A questão também foi enfocada por Deyse de Freitas Lima Ventura, da Universidade Federal de Santa Maria.
``Quando os cientistas reiteram sua perplexidade diante do processo de internacionalização da economia, cabe, antes mesmo de afirmar que a soberania está sendo contestada, esboçar a sua trajetória, para afinal reconhecer qual é a soberania de nossa época."
Segundo ela, o conceito de soberania tem dois aspectos. O primeiro é externo, relacionado à autonomia -``a rejeição a qualquer tipo de ingerência externa".
O segundo é interno -``a competência que o Estado tem de definir o que compete a quem".
Ela também definiu soberania como ``um mito necessário para a criação do Estado moderno".
Para ela, ``a internacionalização não contesta essa lógica do Estado. Pelo contrário, é uma tendência natural do modelo econômico adotado pela maioria dos Estados". No mesmo sentido, o professor do Instituto de Economia da Unicamp apresentou alterações nesse conceito de soberania ao longo do tempo.
Defendeu que, atualmente, ``face às pressões de países líderes do desenvolvimento, das instituições internacionais e das próprias empresas e bancos", o exercício dessa soberania é limitada.
Ricardo Seitenfus, da UFSM, colocou três processos que ocorrem simultaneamente: a globalização -principalmente da economia-, a regionalização -de grupos como a União Européia-, e a fragmentação de blocos antigos, como a ex-URSS.
Para ele, a saída para o Brasil é se associar a outros países latino-americanos, em um bloco tipo Mercosul.
(FR)

Texto Anterior: Darcy Ribeiro evita falar a respeito de projeto de lei
Próximo Texto: Defeito põe serviço fora do ar
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.