São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 1995
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Mudança representa vitória dos ruralistas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os produtores rurais venceram mais uma batalha junto ao governo federal ao conseguirem a flexibilização dos repasses feitos pelo Banco Central ao crédito agrícola.
Os bancos depositam compulsoriamente no BC 90% dos recursos que recebem em depósitos à vista -conta corrente, por exemplo. Até junho do ano passado, o crédito agrícola recebia 25% destes depósitos compulsórios.
A partir do Plano Real, o governo congelou estes recursos a partir do valor repassado em junho de 1994. Os depósitos à vista aumentaram com a queda da inflação, mas o crédito agrícola continuou recebendo o mesmo repasse.
O BC argumentava que não aumentava os recursos por causa do impacto inflacionário com a entrada de dinheiro no mercado. A CNA (Confederação Nacional da Agricultura) calcula que o congelamento retirou cerca de R$ 3 bilhões da área rural.
Até o final deste mês, as cooperativas terão R$ 700 milhões para ajudar seus associados. Parte deste recurso será desembolsada pelo Banco do Brasil.
O ministro José Eduardo de Andrade Vieira (Agricultura) disse ontem que os financiamentos estarão à disposição a partir de hoje. Ele confirmou que os R$ 3,5 bilhões destinados à safra 95/96 já podem ser emprestados.
Outro ponto acertado com os líderes agrícolas é a discussão das prioridades dos financiamentos. Como o governo fixou juros baixos para o setor (16% ao ano), espera-se uma grande demanda para os empréstimos.
A idéia é que cada Estado defina os produtos que deverão ter prioridade nos financiamentos.
Pelo acordo acertado com a bancada ruralista (parlamentares ligados ao setor agrícola), os agricultores terão acesso a um empréstimo de R$ 30 mil, pela equivalência produto -ou seja, a dívida pode ser paga pelo valor correspondente em produto.
Produtores de arroz, feijão, mandioca milho ou trigo pagarão também 16% de juros ao ano em empréstimos de até R$ 150 mil. Agora, o governo vai liberar o crédito para qualquer produto, desde que seja prioridade do Estado.
A vitória dos produtores acontece a poucos dias da manifestação dos produtores, o caminhonaço ``Não posso plantar - Marcha sobre Brasília", previsto para chegar a Brasília na terça-feira.

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