São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 1995
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Ximenes diz que mantém as demissões

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco do Brasil, Paulo César Ximenes, disse ontem que o programa de demissões voluntárias implantado na empresa termina hoje.
Ele negou a possibilidade de haver adiamento, como vêm solicitando parlamentares do PT, PFL, PPR, PC do B e PP.
``Não há nenhuma alteração no programa, que tem o apoio do presidente Fernando Henrique Cardoso", disse o presidente da instituição.
O programa de demissões voluntárias pretende atingir cerca de 15 mil funcionários (de um total de 107 mil), que teriam benefícios como o saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço mais multa de 40%, além de indenização pelo tempo de serviço.
O presidente Fernando Henrique Cardoso considerou ``razoável" o adiamento do programa de demissões e chegou a pedir sua prorrogação, disse o porta-voz da Presidência, Sérgio Amaral.
O presidente ligou para Ximenes para se inteirar da possibilidade do adiamento do prazo. Ele ouviu de Ximenes que o prazo não poderia ser dilatado por causa do dissídio coletivo dos bancários, marcado para setembro.
Como a legislação trabalhista estabelece multas pesadas caso ocorram demissões 30 dias antes do dissídio, o Banco do Brasil precisa de um prazo -no caso, duas semanas- para completar com demissões compulsórias.
Ontem, o BB aumentou para 104 o número de agências a serem fechadas neste mês com a inclusão de uma unidade em Aracaju (SE).
Os cortes estão sendo feitos em agências que apresentaram sucessivos prejuízos. Mais da metade dos cortes está concentrada na Bahia, Minas Gerais e São Paulo.
Existiam cerca de 600 agências nessas condições, mas o banco avalia que pode reverter os prejuízos nas restantes, por meio de corte de custos e demissão ou remanejamento de funcionários.

Inquérito
O procurador federal dos Direitos do Cidadão, Álvaro Augusto Ribeiro Costa, determinou na noite de ontem a suspensão imediata do programa de demissão voluntária do Banco do Brasil por tempo indeterminado.
Por meio de uma notificação à presidência do BB, Ribeiro Costa determinou a suspensão argumentando ``lesão à ordem constitucional, aos direitos do cidadão e ao patrimônio público".
Ribeiro Costa instaurou um inquérito civil público para apurar as finalidades do programa e se ele é inconstitucional.
O BB decidiu não acatar a decisão do procurador e divulgou uma nota oficial informando que o programa continua inalterado.
Segundo BB, o procurador ``invadiu esfera de competência exclusiva do Poder Judiciário".
A nota diz ainda que o BB determinou a seu departamento jurídico que tome as ``medidas judiciais cabíveis à defesa do interesse da instituição".
Hoje, o banco deve encaminhar um mandado de segurança contra a suspensão do programa.
Segundo a avaliação do departamento jurídico do BB, o inquérito civil público aberto pelo procurador não é o instrumento jurídico adequado para suspender o programa de demissões.
Ribeiro Costa também estabeleceu um prazo de dez dias para que o BB repasse ``informações detalhadas" sobre o programa de demissão voluntária. O BB vai enviar as informações.

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