São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 1995
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Reino Unido julga crime de guerra

OTÁVIO DIAS
DE LONDRES

Em um processo inédito na história da Justiça britânica, Szymon Serafimowicz, de 84 anos, foi acusado ontem de ter assassinado quatro judeus, na República da Belarus, durante a Segunda Guerra Mundial.
É a primeira vez que um residente do Reino Unido comparece a um tribunal do país para ser julgado por crime praticado durante a Segunda Guerra Mundial.
Serafimowicz, um carpinteiro aposentado que foi para o Reino Unido em 1947, está sendo processado com base na Lei para Crimes de Guerra, aprovada pelo Parlamento britânico em 1990.
A nova lei permite o julgamento de residentes do Reino Unido por crimes de guerra cometidos fora do país. O país não extradita criminosos de guerra.
Serafimowicz foi solto sob fiança, mas deverá voltar ao tribunal de Epsom, em Surrey, dentro de três meses.
Não foi definida a pena a que Serafimowicz poderá ser submetido, caso condenado.
Segundo a acusação, Serafimowicz comandou um batalhão policial local, recrutado pelo Exército nazista, entre 1941 e 42, durante a ocupação alemã da Belarus.
Cerca de 200 mil judeus foram mortos na região. Hoje uma república independente, a Belarus era então parte da União Soviética, invadida pelas tropas de Adolf Hitler em junho de 1941.
O processo contra Serafimowicz é resultado de uma campanha empreendida pelo Centro Simon Wiesenthal, que desde o final da guerra procura colaboradores dos nazistas e criminosos de guerra.
Em 1986, o centro acusou 17 residentes do Reino Unido de ser criminosos da Segunda Guerra Mundial. Outras 34 pessoas foram relacionadas como suspeitas pelo governo da então União Soviética.
A Scotland Yard divulgou que está reunindo documentos e que novos suspeitos podem ser levados a julgamento no futuro.
O advogado de Serafimowicz, Nicholas Browns, afirmou que seu cliente é inocente.

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