São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Do outro lado do mundo

WASHINGTON OLIVETTO

Hoje eu estou na Folha, mas também estou na Austrália. Devo ter chegado ao aeroporto de Sydney mais ou menos no mesmo horário em que a Folha chegou para seus assinantes: de manhãzinha.
Saí de Los Angeles no sábado à noite e, com a diferença de fuso, cheguei a Sydney na segunda de manhã. Na volta para o Brasil recupero a diferença.
É tudo tão longe que se você passar algum tempo apenas voltando da Austrália, em poucos anos você volta à adolescência.
O que me traz aqui são dois motivos: vim participar do Creative Imaging 95 e quero aproveitar para conhecer um pouquinho deste país que dizem ser fascinante.
Essa história comigo se repete. Com lugares distantes eu sempre preciso da desculpa profissional para fazer o turismo. Aconteceu o mesmo com uma conferência que fiz anos atrás em Moscou. Valeu a pena.
A Creative Imaging 95 promete ser bastante especial.
É patrocinada pela Kodak, que está gastando uma nota preta no evento. Os conferencistas foram escolhidos a partir de uma pesquisa feita entre publicitários e anunciantes da Europa e dos EUA que responderam à pergunta: ``Que profissional de comunicação publicitária faria você ir até a Austrália assistir a uma palestra?". A Austrália é longe pra todo mundo.
A lista final é brilhante e a única palestra que eu não gostaria de assistir é a minha, mas não vai dar pra escapar de fazer.
Teremos uma abertura com o John Sculley, ex-presidente da Pepsi e da Apple, falando do ponto de vista do anunciante.
E depois, criadores e diretores de comerciais.
Entre os criadores, o inglês John Webster, da BMP DDB Needham, profissional brilhante, autor de comerciais antológicos como o fantástico lançamento do televisor Sony Trinitron.
O Tim Delaney, da Leagus Delaney, de Londres, um mestre da criação publicitária em geral e do humor em particular.
O Dan Wieden, da Wieden & Kennedy americana, a charmosa agência que, entre outros trabalhos brilhantes, cuida da conta da Nike.
E eu, que preparei três palestras diferentes e na hora vou decidir qual usar. A responsabilidade é grande.
Entre os diretores, a barra também é pesadíssima.
Tem o Ridley Scott, que começou na publicidade e continuou dirigindo comerciais mesmo depois do estrondoso sucesso de ``Blade Runner" nos cinemas. O Alan Parker, que é um caso igualzinho ao de Ridley.
O Joe Pytka, hoje disparado o melhor diretor de comerciais do mundo (e olha que eu estou falando de um mundo que tem o Paul Weiland, o Mark Storey, o Paul Meijer, a rapaziada nova da Propaganda Films, de Los Angeles, e muitos outros).
E temos também o diretor indiano Tarsem, hoje morando em Londres e bastante badalado, particularmente pelas realizações dos filmes de Smirnoff e da Coca-Cola com o elefante nadando.
Cada palestra terá duas horas e meia de duração, entre papos, projeções e perguntas. Na quinta-feira, dia 20, os conferencistas vão entregar os prêmios do Profissionais do Ano de lá, um negócio chamado Australian Television Awards.
Se apenas 20% da minha expectativa em relação a todo o evento se cumprir, na volta vou poder escrever um artigo de real interesse para vocês.
Por enquanto, deixa eu ir tentando me entender com o fuso horário.
Minha palestra é amanhã e tenho apenas um dia para conseguir descobrir onde estou, quem sou eu, que horas são etc.
Bom, boa tarde ou boa noite a todos.
P.S.: No início dos anos 80, o Corinthians tinha aquele timaço da Democracia Corinthiana, com Sócrates, Casagrande, Vladimir e companhia bela.
Depois de conquistar o bicampeonato paulista em cima do São Paulo, foi jogar um amistoso em Tóquio.
Jogou na mesma noite da chegada sem dar bola pra essa história de fuso horário e tomou de 5 a 1 de um time de bagres.
Socorro!

Texto Anterior: Argentina eleva compulsório
Próximo Texto: Amostragem em grande estilo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.