São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 1995
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Para diretor, branco mata

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Sylvio Back resume seu "Yndio do Brasil" numa frase: "O índio é o nosso judeu". Concretamente, trata-se de mostrar como a imagem do índio brasileiro, vista pelo homem branco, varia ao longo deste século, sem nunca chegar a ser positiva.
"Antes ele era o atraso, mas também o indolente. Hoje, é visto como alguém que incorporou a maldade da sociedade industrial. Virou o trambiqueiro, o que aplica na bolsa, vende madeira para o exterior, assedia brancas sexualmente", diz o diretor.
Ou seja, a entrada na mídia -desde os anos 70- não seria, para Back, uma evolução. O índio continuaria sendo objeto de uma exclusão radical.
Essa idéia o diretor tentou desenvolver usando o mesmo método de seu "Rádio Auriverde" (1991): colando imagens, sem narração, buscando compor uma nova imagem.
"Rádio Auriverde" pegou mal, mas não vale para julgar a obra deste diretor de 57 anos, com oito longas, quase sempre empenhados em trazer a história do Brasil para o cinema.
Desta vez, seu empenho é captar a aproximação com os índios desde o início do século, como um projeto militar que surge com o marechal Rondon e atravessa todo o século. Rondon queria civilizar os índios para proteger as fronteiras. Back sustenta que, ao civilizar o índio, Rondon iniciou, talvez sem notar, a matança.
(IA)

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