São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 1995 |
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O ministro e o "caminhonaço"; Foco nas crianças; Por que o ovo; Horto poluído; Obrigado, Marcelo, obrigado; Weffort, ontem e hoje; Mexicanização; Sinais de alerta; Contracorrente; Professores em extinção; Psicólogos aposentados; A TV só pensa naquilo O ministro e o "caminhonaço" ``Incorrem em equívoco as manchetes da primeira (`Ministro apóia protesto agrícola') e da décima páginas (`Ministro dá razão a protesto de ruralistas'), publicadas na Folha de sábado último (15/7). Em momento nenhum de minha entrevista à repórter Cari Rodrigues, da Sucursal de Brasília, apoiei a manifestação. Disse-lhe que a considerava precipitada, pois o governo tem mantido contatos regulares e proveitosos com as legítimas lideranças do setor. Acrescentei apenas que não poderia impedi-la, pois ocorre em plena vigência das liberdades e da democracia. Peço-lhe pois o especial obséquio de fazer esta correção." José Eduardo de Andrade Vieira, ministro da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária (Brasília, DF) Nota da Redação - A entrevista com o ministro da Agricultura foi gravada. A reportagem da Folha perguntou: ``O sr. acha que poderia ter contido esse caminhonaço?" O ministro Andrade Vieira respondeu: ``Não. Nem tinha motivo para tentar isso. Eu até acho que a maioria das pessoas que têm vindo, elas têm razão. O problema existe. Nós não estamos escondendo o problema. O problema é real. Houve uma perda de renda. Por que eu vou impedi-los de manifestar o seu desagrado, o seu desgosto, o seu aborrecimento?" Foco nas crianças ``Queremos parabenizar a Folha pela importante contribuição que vem dando na discussão dos principais problemas que envolvem a infância e a adolescência no Brasil. Esse compromisso foi evidenciado, mais uma vez, nas reportagens de 9/7 sobre os bebês da Febem e sobre a exploração do trabalho infantil na área de calçados. De fato, a única maneira de possibilitar a integração dessas crianças à sociedade é garantindo-lhes o acesso aos bancos escolares." Oded Grajew, diretor-presidente da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança (São Paulo, SP) Por que o ovo ``Em sua rápida passagem pela catedral de Brasília, o presidente da Itália, Luigi Scalfaro, demonstrou curiosidade pelos vitrais por mim concebidos. Segundo reportagem da Folha de 28/6, Scalfaro teria estranhado a forma de um ovo delineada sobre o altar da catedral e concordado com o pároco, o polonês Czeslaw Rotkowski, que considera o desenho `meio maluco'. O ovo é um dos mais antigos símbolos da vida, portanto uma manifestação da presença de Deus entre os homens. Parceira do arquiteto Oscar Niemeyer há mais de 20 anos, realizei o projeto dos vitrais entre 88 e 89. Trata-se do maior vitral do mundo, com 2.200 metros quadrados, e eu o desenhei em tamanho real." Marianne Peretti, artista plástica (Rio de Janeiro, SP) Horto poluído ``Louvamos o interesse da comunidade do Horto Florestal em ver livre de esgotos os lagos daquele parque (Folha, 12/7). A Sabesp iniciou em 1990 uma série de obras que permitiam o saneamento de toda a área. No decorrer de 1994, o acréscimo da carga poluidora nos lagos exigiu nova intervenção da Sabesp. Foram, então, realizadas inspeções, detectando-se como principal poluente os esgotos gerados pela comunidade da favela Itabira. Ficou acertado que a prefeitura estudaria a viabilização do projeto executivo dos ramais de esgotos dentro da favela. À comunidade da favela ficou a responsabilidade de realizar, através de mutirão, as obras de assentamento do ramal coletivo (esgoto condominial). À Sabesp coube a execução da interligação do novo sistema à rede coletora existente próxima à favela Itabira. A Sabesp está impossibilitada de construir a rede coletora de esgotos dentro da favela pois existem empecilhos técnicos como, por exemplo, a existência de habitações sobre o caminho natural de escoamento das águas e esgotos, além de vielas com largura inferior a 1,5 m, o que impede manutenção e conservação das redes. A solução para o problema será consequência de uma série de ações, das quais a Sabesp está pronta a participar." Ariovaldo Carmignani, presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo -Sabesp (São Paulo, SP) Obrigado, Marcelo, obrigado ``Escrevo para parabenizar e agradecer a Marcelo Coelho pelos artigos inesquecíveis e excelentes que escreve na Folha. Leio todos os artigos e, após sua leitura, sinto que aprendi muito, o que reflete diretamente nas minhas opiniões sobre os assuntos tratados." Lara Biasoli Moler (São Paulo, SP) Weffort, ontem e hoje ``É um tremendo equívoco atribuir as idéias do ministro Francisco Weffort sobre o PT e o PFL a um `deslumbramento com o poder', como fez Gilberto Dimenstein (Folha, 11/7). Pode-se obviamente concordar ou não com o que ele diz. O que não se pode é ignorar sua integridade intelectual e moral, nem o rigor e a independência de seu pensamento como cientista político." Luiz Weis (São Paulo, SP) ``Li a entrevista do sr. Weffort nessa Folha de 10/7. Conheço o ministro desde os primórdios do PT e nunca vi nele nenhum resquício de socialista ou pelo menos alguma identidade mais efetiva com a classe trabalhadora. Como ele, muitos outros se aproveitaram do status que era ser petista nos anos 80. O PT não é mais um braço político do movimento sindical. É a expressão de um vasto acúmulo secular de ansiedade coletiva dos de baixo por um ser humano novo, uma sociedade nova." Hortência Mendes (Teresina, PI) Mexicanização ``Ultimamente tenho estado possuído de uma dúvida cruel: será que eu era mexicano e não sabia? Consequência de inúmeras afirmações de pessoas de grande responsabilidade, como o próprio presidente. É certo que gosto de boleros e cheguei a admirar Zapata, mas nunca me senti mexicano. Há poucos dias, o professor Mário Henrique Simonsen afirmou que não tinha certeza de que o Brasil não é o México, o que me fez voltar às minhas dúvidas. Por certo eu sou é burro mesmo..." Antônio Macedo (Recife, PE) Sinais de alerta ``No ano passado, proposta do então deputado José Serra (PSDB-SP) proibia cenas externas em programas eleitorais de TV e participação de não-candidatos. Na abertura da Expozebu, em Uberaba, em abril, faixas da CUT em protesto contra o governo FHC foram apreendidas pela polícia. O Exército invadiu as refinarias da Petrobrás em maio. O Ministério Público impediu, em Brasília, que os Paralamas do Sucesso tocassem música que critica o Congresso. Ou fazemos alguma coisa agora ou esse governo vai tornar normais e corriqueiras essas práticas." João Flávio Resende (Brumadinho, MG) Contracorrente ``Artigo perfeito do psicanalista Jurandir Freire Costa, publicado em 9/7, contra o neoliberalismo. Parabéns à Folha por tê-lo publicado." Edna Baker (Brasília, DF) Professores em extinção ``Se no passado nós, professores da rede pública, éramos respeitados pelos alunos, hoje somos maltratados, despreparados profissionalmente e pessimamente remunerados. Nesse ritmo, somos uma espécie em extinção." Luiz Antônio Borges Rugani (Campestre, MG) Psicólogos aposentados ``Os psicólogos aposentados da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo vêm tornar pública a situação de extrema injustiça referente aos seus honorários. Após 30 ou mais anos de serviço, esses aposentados recebem atualmente um salário-base aviltante de apenas R$ 73,54 a R$ 98,00, que acrescido de algumas gratificações atinge o total de R$ 230,00 a R$ 338,00." Maria Luiza Vieira, psicóloga aposentada (São Paulo, SP) A TV só pensa naquilo ``É urgente que se imponha uma censura moral aos programas da TV. Esta se transformou em uma `escola' de pregação sistemática de antivalores. O que ensina é apenas sexismo, violência, narcisismo, opulência, ganância, orgulho, prazer etc. Hoje a TV é uma semeadora de maus ventos. Em seguida vem a tempestade..." Felipe Rinaldo Queiroz de Aquino (Lorena, SP) Texto Anterior: Doação involuntária _esse não é o caminho Índice |
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