São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 1995
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Grande produtor tem 72% da dívida do BB

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Grandes produtores rurais, que tomaram empréstimos superiores a R$ 500 mil, respondem por 72,45% das dívidas agrícolas em atraso junto ao Banco do Brasil. O principal motivo da marcha dos agricultores a Brasília é a renegociação destas dívidas.
Segundo dados do BB atualizados até o final do primeiro semestre, R$ 3,28 bilhões dos R$ 4,527 bilhões em dívidas rurais em atraso são de responsabilidade de grandes produtores.
Os pequenos produtores -que tomaram empréstimos de até R$ 30 mil- têm participação ínfima no calote rural. Estão devendo com atraso R$ 102,5 milhões ao BB, ou 2,26% do total.
``O pequeno produtor não tem o poder de fogo dos grandes para negociar e está em dia. É a prova de que é possível pagar", disse o superintendente do BB no Distrito Federal, Jair Bilac.
Na avaliação de Bilac, a organização dos grandes produtores pode explicar a liderança nas estatísticas do calote. Em geral, eles não dependem apenas da agricultura ou de um só banco -além de contar com maior acesso aos políticos ligados ao setor.
Se, a partir das estatísticas, fosse feito um perfil do agricultor em atraso junto ao BB, ele seria de grande porte, plantador e exportador de soja ou arroz.
No Rio Grande do Sul, de onde partiu o ``caminhonaço" pela redução do endividamento, o volume do calote representa 32,1% do total nacional. Em segundo lugar, bem atrás, vem a Bahia, com 9% -gerados pela crise da lavoura de cacau.
Produtores, Estados e culturas que lideram as estatísticas do calote rural são, na maioria dos casos, os que mais recebem os recursos do crédito agrícola.
O efeito potencial das dívidas em atraso sobre o balanço do BB -que terá de contabilizar como prejuízo atrasos com mais de 60 dias- equivale a cinco anos da economia pretendida com o programa de demissões de funcionários.
Os empréstimos agrícolas representam 71,8% do total de créditos em inadimplência do BB, que somam R$ 6,3 bilhões.

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