São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 1995
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Coisa do passado

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

- As chances de sabotagem são extremamente remotas.
O porta-voz da Marinha bem que se esforçava, ontem, no Jornal Nacional, em favor de um simples, mero acidente.
Talvez ``um curto-circuito nas fiações", para a Cultura, ``a hipótese considerada mais provável". Ou talvez ``uma carga de munição vinda de dois contra-torpedeiros desativados há 30 dias", para a Globo, a hipótese ``mais provável".
São tantos ``mais prováveis" que o ``cogumelo de fumaça" de domingo já se confunde com uma cortina de fumaça.
Sabotagem ou não, por ``uma dupla acusada de ligação com traficantes" ou não, como citou a Record, o ``inferno" do Boqueirão parece iniciar nova fase da cobertura do Rio.
Na CNN, por exemplo.
A rede fez um longo retrato da indústria do sequestro no Rio, mencionando que cem pessoas são sequestradas todo ano. Entrevistou uma delas, o presidente da Bolsa.
Nem todos os sequestrados são ricos. Segundo a CNN, a classe média virou alvo, por ``resgates menores". E não dá para contar com a polícia, por vezes parte do sequestro.
Não é só a CNN. O SBT mostrava ontem o assassinato de Oto Gomes de Miranda, que era ``suspeito de fazer parte do esquema de tráfico de armas de um coronel da reserva que foi preso no mês passado".
Oto Gomes de Miranda ``foi segurança do jogador Romário e era amigo de outros jogadores de futebol". Para quem não lembra, ``ele é quem dirigia o carro no acidente que matou o jogador Dener, do Vasco".
Não é só a CNN, ou o SBT. A Manchete, a mais carioca das redes, registrou o assassinato de dois funcionários da própria Manchete. ``Os criminosos se identificaram como policiais."
Um terceiro funcionário, que escapou, afirmou que ``ficaram irritados quando o caminhão (da Manchete) deu uma fechada e bateu no carro deles".
Tem mais. Ontem, a mesma Manchete registrava assim um assassinato, em seguida:
- O bairro Peixoto até há pouco era considerado um oásis no meio de Copacabana. Mas o perfil do bairro vem mudando. Os moradores tiveram nova amostra de que a tranquilidade virou coisa do passado ontem, quando três jovens andavam tranquilamente pela rua e dois homens de moto fizeram vários disparos. Os tiros mataram Wagner Luís, de 18 anos.

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