São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 1995 |
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Linha branca pede consórcios
ANTONIO CARLOS SEIDL
``Seria uma loucura do governo arrochar ainda mais o consumo neste segundo semestre", disse Etchenique, ontem, em almoço comemorativo do cinquentenário do grupo Brasmotor. O grupo é formado pelas empresas Multibrás, de eletrodomésticos; Embraco, fabricante de compressores para refrigeração; e Sabrico, de locação e concessionárias de veículos. As vendas de eletrodomésticos da linha branca (refrigeradores, freezers, fornos de microondas, fogões, lavadoras e condicionadores de ar) devem continuar fracas em junho, de acordo com a Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos). Roberto Macedo, presidente da Eletros, não espera uma melhoria no setor a curto prazo. Houve queda das vendas da maioria dos produtos da linha branca em maio, em comparação com abril, segundo a Eletros, que representa 99% dos fabricantes de eletrodomésticos da linha branca. Etchenique disse que as vendas de eletrodomésticos da linha branca irão ``contra a tendência normal" de fim de ano. Aquecidas pelo Natal, as vendas, tradicionalmente, crescem de 15% a 20% no período. A Multibrás é a maior fabricante da América Latina de produtos da linha branca. Segundo Etchenique, as vendas da Multibrás se manterão nesse nível no segundo semestre. ``Não esperamos queda das vendas, mas não podemos prever o aumento sazonal entre 15% e 20% sobre o primeiro semestre". Etchenique disse que o governo deveria tomar medidas para aumentar o crédito ao consumo de eletrodomésticos. ``A indústria automobilística tem estoques em demasia, como tem sido amplamente divulgado, e a indústria de eletrodomésticos trabalha a 80%, em média, da capacidade de produção", argumentou. Ele disse que o setor de linha branca fez investimentos nos últimos meses no aumento da capacidade instalada de produção. ``Não há falta de produto, não há pressão sobre preços e estamos preparados para atender aumento de demanda", afirmou. ``Estamos com o governo atravessado na garganta", desabafou Etchenique, classificando a proibição de consórcio um ``absurdo". Ele se disse ``magoado" com a diferença de tratamento dado pelo governo a indústria automotiva, que teve permissão para continuar a vender pelo sistema de consórcio, e a de eletrodomésticos. ``Dá a impressão de que só existe a indústria automotiva no país", disse. ``Nos sentimos cidadãos desiguais", afirmou. Etchenique disse ainda que os exportadores de produtos manufaturados querem a paridade da cotação entre o dólar e o real (US$ 1 igual a R$ 1) dentro de, no máximo, três meses. Com um faturamento de US$ 312 milhões de exportações em 1994, o grupo Brasmotor diz que a atual taxa de câmbio é ``insustentável" para os exportadores. Próximo Texto: Exportador prevê déficit de US$ 6 bi Índice |
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