São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Escritora dizia-se tímida e fugia de entrevistas

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

Dona Ivani Ribeiro, como costumavam chamá-la no meio artístico, cultivava hábitos tão improváveis quanto os dos personagens que criou em 60 anos de carreira.
Trabalhava desde 1982 para a Globo, uma das maiores TVs do planeta, e assinava novelas que alcançavam índices astronômicos de audiência. Comportava-se, porém, como se ainda vivesse, anônima, na época do rádio.
Não gostava de dar entrevistas. Para fugir da imprensa, usava sempre o mesmo truque. Atendia o telefone sem se identificar e perguntava quem queria falar com ``a dona Ivani". Se fosse um repórter, ela afinava a voz e respondia: ``Dona Ivani não está. Tirou férias em São Vicente. É uma pena, mas lá não tem telefone."
Nos últimos tempos, quando concordava em receber jornalistas, não se deixava fotografar. Dizia-se tímida -e parecia ser.
Há pelo menos dez anos, tinha um método de trabalho muito peculiar. Não escrevia suas histórias. Preferia discuti-las com Solange de Castro Neves. A colaboradora, então, redigia os scripts. Texto pronto, mostrava-o à ``mestra", que corrigia linha por linha.
Ivani também evitava ir à Globo. Quando precisavam da escritora, os altos executivos da rede lhe faziam ``uma visitinha" em São Paulo. Eram recebidos com quitutes que ela própria preparava.

Texto Anterior: REPERCUSSÃO
Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.