São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 1995
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Michelangelo vira quebra-cabeça

MÁRION STRECKER
DIRETORA DA AGÊNCIA FOLHA E BANCO DE DADOS

Arte não é um assunto fácil de se transpor à linguagem do CD-ROM. A telinha do computador, iluminada por trás, não dá muita condição para sutilezas.
Quando a arte em questão é a escultura, o prejuízo não chega a ser muito maior do que o da visão bidimensional de um livro: não se vê por todos os lados, não se compreende a dimensão e a perspectiva, como se compreende ao vivo, mas também não se costuma enfrentar o problema da cor.
Quando o assunto é pintura e quando o autor dessa pintura é um dos maiores expoentes do Renascimento italiano, por exemplo, então é grave.
Na tela do PC, sobra pouco mais do que a compreensão dos personagens e da composição das cenas. Da pintura mesmo, quase nada.
Como agravante, o CD-ROM da editora EMME sobre Michelangelo Buonarroti (1475-1564), que chega ao mercado brasileiro em inglês, omite das legendas a dimensão e o material das obras.
Nem por isso deixa de valer a pena espiar o produto, que, se funciona mal na reprodução da pintura e do desenho, funciona bem como introdução a vida e obra de Michelangelo.
No menu principal, as opções são: informações biográficas organizadas segundo os principais locais onde trabalhou Michelangelo; o ``Juízo Final" e o teto da capela Sistina, do Vaticano; uma galeria de obras diversas; índice; jogos.
Jogos? Sim. Obras de Michelangelo viram ótimos e viciantes quebra-cabeças, com ``timer" e três níveis de dificuldade.
Michelangelo considerava a si mesmo antes um escultor do que um pintor, mas, impelido pelo papa Julio 2º, fez da pintura da capela Sistina, no Vaticano, com suas 300 figuras, uma das suas obras mais importantes e conhecidas.
Os afrescos da capela aparecem em videoclipe. O clipe traz um zoom no teto da capela, que roda numa pequena janela na tela do computador. Só que a qualidade das imagens é lamentável.
O CD-ROM custa R$ 75,60 e traz 500 imagens, 20 minutos de trilha sonora especialmente composta para dar o clima da época (por que não reproduzir música da época?), cinco clipes, 15 minutos de apresentação audiovisual e 120 páginas de texto.
É divertido. Mas, se não fosse pelo quebra-cabeça, acho que eu preferiria Michelangelo em livro.

ONDE SABER MAIS
LIVRARIA DA VILA: tel. (011) 814-5811; MSD: tel. (011) 820-5160

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