São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 1995
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Igreja Católica apóia intervenção militar

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O núncio apostólico da Bósnia, monsenhor Francesco Monterisi, disse ontem que concorda com uma "intervenção militar limitada" para desarmar os agressores e defender os civis do país.
O núncio é o embaixador do Vaticano e suas opiniões expressam a posição da Igreja Católica frente a questões locais.
O anúncio, publicado no jornal católico "Avvenire", foi considerado surpreendente.
O papa João Paulo 2º vem defendendo, sistematicamente, a solução negociada para o conflito bósnio. "A opção pelos métodos de paz deve ser preferida 999 vezes em cada 1.000. Mas quando se enfrenta uma situação grave como esta, é possível examinar a intervenção", disse em entrevista.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, disse ontem que não vai levantar o embargo de armas aplicado contra os bósnios e sérvios.
O governo norte-americano divulgou nota criticando a tomada de reféns da ONU pelos muçulmanos no encrave de Zepa.
Clinton se reuniu ontem com seus assessores militares e o secretário de Estado, Warren Christopher, para discutir a crise bósnia.
"Estamos considerando a ampliação de nossas ações aéreas na Bósnia, frente à nova situação", disse o secretário. Ontem, entraram em operação na Bósnia os aviões norte-americanos Predator, que voam sem piloto e fotografam alvos e bases inimigas.
Para o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Andrei Kozirev, a ONU deve "pensar e repensar" o uso de novas forças militares na Bósnia. "Estamos terrivelmente preocupados, uma vez que tudo isso ocorre em países próximos ao nosso", disse.
Na Europa, tanto o primeiro-ministro britânico, John Major, quanto o francês, Alain Juppé, condenaram ontem a escalada da crise bósnia. A França é o único país que defende o uso da força para solucionar o conflito.
O rei Fahd, da Arábia Saudita, disse que os países islâmicos deveriam se preocupar em defender os muçulmanos da Bósnia contra os sérvios -que são cristãos-, repetindo a posição declarada na semana passada pelo governo do Irã.
O principal líder muçulmano sunita, Al-Azhar, disse que está ocorrendo uma "nova cruzada" na Bósnia, em referência às guerras entre cristãos e muçulmanos ocorridas na Idade Média. Sunitas são a facção mais moderada politicamente do islamismo, diferentemente dos xiitas -mais radicais, que governam países como o Irã.

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