São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 1995
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Faltosos; Marcio Thomaz Bastos; Globalização; Sexo no Mais!; Atraso de popa a proa; Demissão voluntária; Terras indígenas; Caso Ricupero; Dívida

Faltosos
``Tomo a liberdade de fazer conhecer a verdade sobre minhas faltas na Câmara dos Deputados: 1) solicitei licença, que foi acatada, por 30 dias, em 8 de março de 1995; 2) prorroguei a mesma em 10 de abril por mais 30 dias; 3) neste período paguei do bolso todas as correspondências, selos e telefones, pois minhas cotas foram suspensas; 4) não recebi um centavo em abril, como também em maio. Sendo assim, conforme documentos comprobatórios e considerando a verdade, não sou faltoso, fui ausente por 60 dias, motivado por licença legal, e não custei um centavo aos cofres públicos."
Zé Gomes da Rocha, deputado federal pelo PSD-GO (Brasília, DF)

Nota da Redação - O deputado faltou, sem motivo, a 14 sessões deliberativas fora de sua licença, tendo recebido normalmente salários nesse período, com descontos das faltas. Em abril e maio não recebeu salário (leia nota abaixo, na seção Erramos).

``Venho prestar esclarecimento sobre a reportagem publicada em 16/7, nas páginas 1-13 a 1-15, intitulada `Na Câmara, 113 são assíduos'. No quadro da página 1-14, constam os 113 deputados sem faltas, por ordem de Estado, e por um equívoco ou lapso não foi relacionado o deputado Silas Brasileiro (PMDB-MG). Conforme declaração expedida pela diretoria-geral da Câmara dos Deputados, o referido parlamentar não computou nenhuma falta."
Lúcio Granja, chefe de gabinete (Brasília, DF)

Nota da Redação - O deputado teve uma falta justificada no dia 27 de abril de 1995, como atesta o documento oficial que fez chegar à Folha. Por isso foi excluído da lista de parlamentares com 100% de presença. A relação trouxe apenas parlamentares sem nenhum tipo de falta.

Marcio Thomaz Bastos
``Não posso deixar de dar o meu testemunho quanto à honorabilidade profissional e também quanto ao caráter reto do advogado Marcio Thomaz Bastos diante das inconsequentes acusações de Cyro Kusano."
José de Castro Bigi, conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil (São Paulo, SP)

``Como assinante da Folha há anos, indigna-me o ataque aberto a um dos poucos homens probos que existem ainda no Brasil, o dr. Marcio Thomaz Bastos. Enraivece-me também que a Justiça brasileira seja motivo de chacota por parte de pessoas que deveriam estar chafurdando na lama de seus próprios pensamentos."
Sônia Regina Quadros de Freitas (Bauru, SP)

Globalização
``Atualmente preconiza-se insistentemente a `globalização da economia'. Temo que essa nova ordem econômica mundial acabe transformando o Brasil não em um parceiro das nações desenvolvidas, mas numa `neocolônia' em que acabará sobrando para nós apenas a enxada e a picareta e que acabará nos condenando ao subemprego, impondo-nos uma especialização e divisão de trabalho espoliativas e escravizantes."
Gilberto Motta da Silva (Curitiba, PR)

Sexo no Mais!
``Nada melhor que uma reportagem sobre literatura erótica para testar e despertar puritanismos fascistizantes. O jurista missivista de 13/7 deveria usar a mesma ênfase em relação à avalanche em direção ao paraíso neoliberal."
Olavo Cabral Ramos Filho (Rio de Janeiro, SP)

``A reportagem, fartamente ilustrada, publicada no Mais! de 9/7, com pretenso feitio de informação cultural, foi uma perversa invasão do nosso lar, uma violenta agressão aos nossos netos, dos quais fomos obrigados a esconder a reportagem. Somos contra a censura e defendemos a liberdade de expressão. O que está em discussão é a licenciosidade da afronta que sofremos sem aviso. Com o nosso protesto, solicitamos providenciar o cancelamento da assinatura que temos do jornal."
Luiz Gonzaga Murat (São Paulo, SP)

Atraso de popa a proa
``O rigor burocrático da Marinha em relação ao uso de um barco no espelho d'água da Câmara é raso como a profundidade do referido espelho. É lamentável que, num país de extensa costa oceânica e milhares de quilômetros com vias fluviais navegáveis, situações risíveis como essa aconteçam."
Orlando Lovecchio Filho (Santos, SP)

Demissão voluntária
``A CUT e o sindicato dos bancários são contra o programa de demissão voluntária do Banco do Brasil e contra a demissão de funcionários públicos. Interessante. Há cerca de quatro meses, a CUT usou o programa de demissão voluntária para seus próprios funcionários, alegando `excesso de funcionários numa situação financeira crítica da entidade'. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, em 94, demitiu funcionários pelo mesmo motivo, muitos dos quais entraram na Justiça contra seu ex-empregador por `não pagarem todos seus direitos'. É só pesquisar. E aí?"
Marcio Cruz (São Paulo, SP)

Terras indígenas
``O governo pretende introduzir mudanças na demarcação de terras indígenas determinada pelo decreto 22/91. Esse decreto, da forma como está, tornou-se prejudicial até para os próprios índios, como uma tribo do Alto Solimões (AM), denominada cocamas, que encaminhou requerimento ao ministro da Justiça solicitando a revogação do decreto, que demarcou terras em que a tribo habita há mais de cem anos como sendo de uma outra tribo, denominada tikuna, cujos índios são civilizados. Esse decreto, na verdade, só beneficiou aqueles que tinham interesses no subsolo dessas terras, sendo que as áreas que foram demarcadas nem os verdadeiros índios sabem onde ficam."
Isaias Ribeiro, diretor da Associação dos Escritores do Amazonas (Manaus, AM)

Caso Ricupero
``Não pretendo chegar ao exagero de pedir que o presidente Fernando Henrique seja colocado na cadeia, mas em um país `relativamente sério' certamente ele não teria assumido. O principal absurdo no caso Ricupero/antenas parabólicas não foram os horrores ditos e captados pelas antenas, mas o resultado dessa vergonha: Ricupero chorando de vítima, na platéia da comemoração do primeiro ano do Real, por causa de elogios do presidente. Que nojo!"
Aguinaldo H. Guimarães Jr. (Rio de Janeiro, RJ)

Dívida
``Estamos fechando as nossas portas. Precisamos de apoio do Banco do Brasil para renegociar dívida e obter capital de giro. Somos brasileiros, trabalhadores, precisamos trabalhar e gerar empregos. Pelo amor de Deus, ajude-nos, sr. presidente!"
Getulio Pereira dos Santos Sobrinho e Angélica dos Reis Pereira dos Santos, sócios da P. Santos Produtos Alimentícios Ltda. (São Paulo, SP)

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