São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 1995
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FHC pede que consumidor reaja aos preços

MARTA SALOMON
ENVIADA ESPECIAL A LISBOA

O presidente Fernando Henrique Cardoso fez um apelo à população para reagir contra aumentos abusivos de aluguéis, mensalidades escolares e dos preços de serviços.
``É preciso dar um basta nisso", declarou FHC. ``Está chegando a um ponto limite", disse ontem. Ele descartou, porém, qualquer possibilidade de congelamento ou tabelamento dos preços.
``O governo não tem como interferir, como faz na agricultura ou nas tarifas", explicou. ``Em nenhum lugar do mundo o governo tem como intervir, e é preciso que a população reaja".
A eventual intervenção do governo, segundo FHC, teria como resultado a escassez ou a criação de um ``mercado negro".
``Não é o nosso caminho o tabelamento", afirmou. ``Já fizemos tantas vezes o congelamento e o resultado foi tão danoso para todos, que não vamos mais repetir".
Para o presidente, o aumento de preços dos serviços é uma espécie de efeito colateral do processo de estabilização da economia. ``É muito mais difícil controlar os efeitos que a estabilização produz nos setores de serviços", disse.
Segundo ele, o equilíbrio dos preços será ditado pelo próprio mercado. ``Isso leva algum tempo, mas a situação tende a se ajustar".
FHC atribuiu à classe média, ao mesmo tempo, o papel de culpada e vítima pelo aumento abusivo de preços dos restaurantes e das consultas de dentistas e médicos.
O presidente disse que a concentração de renda na classe média alta era responsável pelos aumentos. ``Os preços sobem e encontram quem pague por eles". Minutos depois, afirmou que a classe média, por ter acesso a esses serviços, ``é quem mais sofre".
FHC considera mais ``delicada" a situação dos aluguéis e das mensalidades escolares, que não podem ficar sujeitos simplesmente às leis do mercado. ``No caso dos aluguéis, a oferta não é suficiente", afirmou.
Desde julho de 1994, quando o real entrou em circulação, os aluguéis subiram 209%. No mesmo período, as mensalidades tiveram reajustes de 54,01%. A inflação foi de 35,3%, conforme o IPC-r (índice oficial usado até junho para medir o aumento dos preços).

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