São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 1995
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Relator muda emenda para tentar favorecer Petrobrás

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relator da proposta de emenda constitucional que quebra o monopólio do petróleo, Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB), decidiu modificar a proposta do governo, já aprovada pela Câmara dos Deputados.
Cunha Lima afirmou à Folha que quer assegurar em lei complementar os três pontos que até agora estão apenas na intenção do governo.
São eles: proibição da venda da Petrobrás, manutenção do controle da empresa sobre as 29 bacias petrolíferas identificadas no país e preferência para a empresa em concorrências públicas.
A legislação complementar é de mais difícil aprovação do que a legislação ordinária, como prevê o projeto aprovado pela Câmara.
Uma lei complementar precisa dos votos da maioria absoluta dos dos deputados (257) e senadores (41), enquanto a ordinária só precisa de maioria simples (metade mais um dos votos dos presentes).
A exigência de quórum maior, acredita, favorece a Petrobrás.
O senador começa a redigir seu parecer na próxima quarta-feira. Na segunda-feira, reúne-se com o presidente da Petrobrás, Joel Rennó. Na terça, almoça com ex-presidentes da empresa, no Rio.
O almoço, no Clube de Engenharia, deve reunir 17 ex-presidentes da Petrobrás, com o objetivo de discutir o futuro da estatal.
``O senador vai ter contato com a história da Petrobrás e poderá fortalecer sua posição", afirmou o presidente do clube, Raimundo de Oliveira, favorável ao monopólio do petróleo.
``A Petrobrás tem que ser preservada e fortalecida. É questão de justiça", afirmou Cunha Lima.
Para ele, a forma de garantir essas condições para a Petrobrás é transferir para a legislação complementar a regulamentação da mudança constitucional.
``Não quero fazer um elenco de artigos no texto da Constituição, se posso resumir a mudança em uma linha ou parágrafo. A fórmula de garantir estes pontos é a lei complementar", disse.
O relatório do senador deverá ser votado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, primeira etapa de votação, na primeira quinzena de agosto.
As modificações na proposta, se forem aprovadas pelo plenário, obrigam o reenvio do projeto à Câmara para nova votação, contrariando o desejo do governo de ter a emenda aprovada até agosto.
No início do governo, a bancada do PMDB da Paraíba, da qual Cunha Lima faz parte, votou contra o governo em protesto contra o cargo oferecido a Cícero Lucena. Ele foi indicado para ser ministro, mas foi nomeado para secretário de Desenvolvimento Regional.

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