São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 1995
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Ernest Mandel, líder trotskista, morre aos 72

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Morreu ontem em Bruxelas o economista e líder trotskista belga Ernest Mandel, 72 anos. Ele era um dos dirigentes da Quarta Internacional e um dos mais importantes teóricos do trotskismo.
A Quarta Internacional é uma organização comunista fundada pelo revolucionário russo Leon Trótski (1879-1940).
Sua principal tese era a da "revolução permanente", segundo a qual o regime comunista deveria ser levado para o maior número possível de países.
Mandel morreu após um infarto e será enterrado na quarta-feira em Amberes (Bélgica). A Quarta Internacional anunciou que "honrará sua memória" em uma cerimônia pública em setembro, em Paris.
Ele era professor de economia, diretor do Centro de Estudos Políticos da Universidade Livre de Bruxelas (a capital belga) e um dos líderes do Partido Socialista Operário da Bélgica.
Como economista, destacou-se com os livros "Tratado de Economia Marxista" e "O Capitalismo Tardio". Sua morte foi anunciada pelo grupo trotskista Liga Comunista Revolucionária, em Paris.
Ele ingressou no movimento operário aos 16 anos. Durante a Segunda Guerra Mundial, Mandel, que era judeu, se engajou no movimento de resistência ao nazismo, foi preso e enviado a um campo de concentração.
Tornou-se um dos dirigentes da Quarta Internacional em 1946, seis anos após filiar-se ao grupo, fundado em 1938. Foi expulso do Partido Socialista Belga em 1964 devido a sua simpatia pelo trotskismo. Fundou então o Partido Socialista Operário da Bélgica.
No começo da década de 70, os governos da França, EUA, Suíça, Austrália e as Alemanhas Ocidental e Oriental proibiram sua entrada nos países. A França acusava-o de ter participado da revolta estudantil de maio de 1968.
No final dos anos 80, escreveu "Aonde Vai a União Soviética de Gorbatchov" e, após a queda do Muro de Berlim, lançou "O Poder e o Dinheiro".
Ele tentava então defender a existência de uma via econômica intermediária entre o planejamento estatal soviético e o capitalismo.
Os trotskistas se opunham ao regime soviético desde que Josef Stálin tomou o poder, após a morte de Vladimir Lênin (1924).
Stálin e Trótski travaram a disputa mais intensa de toda a história do Partido Comunista Soviético. Trótski deixou o país e foi morto no México com uma picareta usada para furar gelo.
Ao contrário de Trótski, Stálin achava que a URSS era "a pátria do socialismo" e que a "revolução mundial" era um erro.

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