São Paulo, domingo, 23 de julho de 1995
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Empresa estatal rende 40% para o comprador

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A compra de uma empresa estatal privatizada rende para o comprador, imediatamente, entre 35% e 40% do valor da compra.
A avaliação é do presidente do Banco Pactual, Luiz César Fernandes, que acabou de participar do consórcio de compradores da Escelsa (Espírito Santo Centrais Elétricas S/A).
Esse ganho imediato, segundo Fernandes, vem com a reestruturação da empresa, o fim das ingerências políticas na administração e com a possibilidade de operar sem as amarras burocráticas impostas pelo Estado.
Fernandes coloca na sua avaliação um ``teoricamente". O sucesso vai depender da capacidade empresarial dos novos controladores da empresa.

Obrigação
O presidente da Previ (fundo dos empregados do Banco do Brasil), José Valdir Ribeiro dos Reis, também aponta os ganhos de reestruturação como o maior dos atrativos das empresas privatizadas.
A Previ é uma das maiores compradoras do programa de privatização. Ela é hoje o maior acionista da Acesita (24% do capital votante) e da Usiminas (15% do votante, ao lado da Vale do Rio Doce) e detém ainda 9,8% do capital da Embraer e cerca de 5% da Escelsa.
Para mostrar como a reestruturação é lucrativa, Reis cita o caso da Acesita, que passou de um prejuízo de US$ 96 milhões em 92 (ano da privatização) para um lucro de US$ 32 milhões, em 93, e mais de US$ 100 milhões em 94.
Reis lembra que os fundos de pensão, que administram recursos de previdência de empregados de empresas, entraram nas privatizações ``obrigados".
Os fundos compraram, por imposição do governo, grande quantidade de títulos depois considerados ``moedas podres", como papéis do FND (Fundo Nacional de Desenvolvimento). O programa de privatização livrou-os do problema.
Segundo Reis, logo depois os fundos perceberam que era um grande negócio entrar nas privatizações e passaram a ser os maiores investidores no programa.
Para o presidente do Banco Bozano, Simonsen, Paulo Ferraz, e para o diretor executivo do Banco Cindam, Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho, a entrada nas privatizações tem dois motivos básicos: um é o estratégico, quando o comprador quer aumentar participação no setor em que já atua.
O outro é confiança na própria capacidade de análise e gerenciamento, para acreditar que fará um bom negócio e bancar o risco.
O grupo Bozano já participa do controle das privatizadas Usiminas, CST, Cosipa, Embraer e Escelsa. De acordo com Ferraz, o objetivo é entrar ``em todas que for possível".
Para a diretora de Privatização do BNDES, Elena Landau, a ``reforma do Estado" é a principal razão para o governo vender empresas estatais.
Landau enumera outras vantagens: redução da dívida pública, aumento da eficiência da economia, via melhor gerenciamento das empresas vendidas, e maior arrecadação de impostos graças ao melhor desempenho das empresas.

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