São Paulo, domingo, 23 de julho de 1995
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FAB abre clareira na floresta para americanos

RICARDO BONALUME NETO
DO ENVIADO ESPECIAL

A FAB (Força Aérea Brasileira) teve de montar uma verdadeira operação de guerra para poder proporcionar à equipe americana de resgate as condições para retirar do meio da selva os restos mortais de 10 tripulantes mortos há 51 anos na queda de um bombardeiro.
``A FAB fez um trabalho excelente", diz o chefe da equipe americana, o capitão Mario Garcia (cujo nome latino se deve a pais cubanos). No final de junho, uma equipe precursora desceu através de cordas de um helicóptero para preparar o sítio.
Foram necessários três dias para abrir uma clareira na mata para pouso de helicópteros Bell UH-1 ou Helibrás Esquilo, além de criar condições para os americanos acamparem no local.
A FAB também manteve no local um pelotão de 18 membros para auxiliar os americanos na escavação e para dar proteção contra os perigos da selva, com a presença de um oficial médico para qualquer eventualidade, e até de uma guarda armada para evitar qualquer conflito com garimpeiros.
Os soldados da FAB disseram que, à noite, também era possível ouvir o barulho de onças.
``Até adaptamos uma caixa d'água para os americanos tomarem banho sem ter de ir até o rio, correndo risco de malária", diz o primeiro-tenente Marco Túlio Freire Baptista, que comandava o pelotão especial de infantaria da FAB.
Havia dois voluntários do Exército no acampamento. Um mateiro experimentado do 2º BIS (Batalhão de Infantaria de Selva), o sargento José Ribamar Batista Damasceno, participou da localização dos restos do avião.
Uma vez aberta a clareira, os pilotos de helicóptero podiam chegar até ela se guiando por satélite -suas aeronaves têm o sistema de navegação GPS (sigla em inglês para Sistema de Posicionamento Global), que permite uma localização geográfica precisa.
Mas, mesmo sabendo latitude e longitude, pousar exigia perícia. O helicóptero tinha que se comportar como um ``elevador", descendo verticalmente.
Pela manhã, segundo o primeiro-tenente Antonio de Marchi, piloto do Esquilo, havia outro problema: uma neblina matinal que às vezes escondia a clareira.
Além dos helicópteros, a operação exigiu vôos de um monomotor Cessna Caravan, que pousava em uma pista de terra perto do rio Caciporé, e de um bimotor Bandeirante, que levava carga e passageiros até a cidade de Amapá.

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