São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 1995
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Advogado diz que donos queriam investir

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O advogado Sílvio Leão, representante de 10 dos 35 donos de lotes de terras no Amazonas, afirmou que os empresários paulistas queriam investir na área de Balbina, mas foram impedidos pelas desapropriações do Incra e da Eletronorte.
``Esses órgãos perderam todos os recursos na Justiça e agora querem dar o calote", disse.
O advogado Erasmo de Camargo Schutzer, de São Paulo, defensor de outro grupo de proprietários, não quis dizer quem representa nas ações e nem comentar o assunto. Alegou que iria ferir a ética da profissão.
O engenheiro Alexandre Castellotti ficou surpreso ao saber pela Folha o valor da indenização para cada proprietário -cerca de R$ 800 mil.
``Eu imaginava que, no máximo, a indenização fosse de R$ 30 mil pelo lote de 3.000 hectares, conforme o valor de mercado que eu apurei junto a corretores do Amazonas", disse Castellotti.
O empresário Sérgio Nascimento, comprador de 11 lotes, disse que agiu ``de boa-fé" ao adquirir os títulos de terras dos primeiros beneficiados. ``Eu já investi na área, mas aí disseram que não iria adiantar porque seria inundada", afirmou.
O cartorário Antonio Fleury Camargo Filho, detentor de um lote, afirmou que em 69 foi procurado por um corretor em São Paulo para comprar as terras no Amazonas por valores baixos. ``Eu só lembrei que tinha o título quando fui procurado pelo advogado Erasmo Schutzer", disse Carmargo Filho.
O empresário Francisco Scarpa era detentor de 16 títulos de 3.000 hectares. Segundo a advogada Míriam Schmidt, ele vendeu seus lotes em 1975 para a empresa Adempar, de São Paulo, defendida por Sílvio Leão.
A reportagem da Folha localizou a residência e o escritório do fazendeiro Sérgio Vergueiro e ligou, durante uma semana, pelo menos dez vezes para os dois locais. Nenhum dos recados foi respondido.

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