São Paulo, quinta-feira, 27 de julho de 1995
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Brasileiros se dizem perplexos com papa

FERNANDO MOLICA
EM SÃO PAULO

Em cartas enviadas ontem à Secretaria de Estado do Vaticano e à Congregação para os Religiosos, o plenário da 17ª assembléia da CRB (Conferência dos Religiosos do Brasil) manifestou "perplexidade e mesmo consternação com o discurso do papa João Paulo 2º a bispos de Estados do Nordeste.
No discurso, pronunciado no último dia 11, o papa fez críticas à atuação dos religiosos brasileiros e à própria CRB. A CRB é a entidade que reúne as congregações religiosas existentes no Brasil.
A carta formalmente encaminhada à Secretaria de Estado é dirigida, na prática, ao próprio papa (foi através dessa secretaria que João Paulo 2º encaminhou um telegrama à assembléia da CRB).
Ontem, o discurso do papa foi lido no plenário. A decisão de enviar as respostas foi aprovada por unanimidade pelos mais de 600 participantes da assembléia, que se realiza, até amanhã, no colégio São Luís, região central de São Paulo.
Com apenas quatro parágrafos, a carta ao papa registra o incômodo gerado na assembléia pela leitura do pronunciamento e transmite "protestos de devoção e comunhão com a Igreja Católica.
Mais longa, com nove parágrafos, a carta ao cardeal Eduardo Martinez Solado, prefeito da Congregação para os Religiosos do Vaticano, repete que os trechos finais do discurso do papa geraram perplexidade, consternação e preocupação entre os religiosos.
"Como sempre, acatamos com respeito as palavras do pastor maior (o papa). No entanto, não podemos deixar de nos perguntar sobre a veracidade dos fatos que parecem estar sendo supostos e aceitos no citado discurso, diz um trecho da carta.
"Não estaremos diante de versões parciais?, questiona o texto.
No discurso, o papa revelava preocupação com uma eventual intromissão da CRB no trabalho das congregações existentes no Brasil (há cerca de 600 no país).
"Estamos convencidos e podemos testemunhar serem outros o espírito e a prática do fecundo trabalho congregacional realizado pela CRB em colaboração com os superiores maiores (responsáveis pelas congregações), diz a carta.

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