São Paulo, quinta-feira, 27 de julho de 1995 |
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Robert De Niro vira fera como boxeador em 'Touro Indomável'
JOSÉ GERALDO COUTO
Que outro cineasta de nossos dias ousaria contar, ainda por cima em preto-e-branco, a infeliz história de um boxeador de quem pouca gente se lembra, o peso-médio Jake LaMotta? Coragem e talento não faltaram também a Robert De Niro, que engordou mais de 20 quilos e deixou de lado todo charme para representar LaMotta já decadente, animador de obscuras boates. O esforço lhe valeu um dos dois Oscars conquistados pelo filme -o outro foi para a montadora Thelma Schoonmaker. Mas o mais notável é mesmo a narrativa vigorosa, a ``mise-en-scene" precisa de Scorsese. Em sua visão, LaMotta era uma besta humana, que esmurrava tudo e todos à sua volta, incluindo a mulher (Cathy Moriarty) e o irmão (Joe Pesci). Bateu e apanhou tanto que acabou atingindo, por vias tortas, uma espécie de iluminação. O grande achado de Scorsese foi associar a pulsão sexual do lutador a seu impulso destrutivo. Uma cena é eloquente: na véspera de uma luta decisiva, LaMotta pede que sua mulher o excite, mas na hora ``h" ele não consuma a relação, acumulando potência para arrebentar o adversário. No mais, as lutas são magnificamente filmadas, a vida nos bairros submetidos à Máfia é descrita com vigor, a fotografia é belíssima e o ritmo é perfeito. Precisa mais? Texto Anterior: ``O Barbeiro de Sevilha" estréia com sucesso no Teatro Municipal Índice |
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