São Paulo, sábado, 29 de julho de 1995
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Grupos assumem bomba de Paris em telefonemas

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

Duas rádios francesas anunciaram ontem ter recebido telefonemas de supostos grupos islâmicos reivindicando o atentado no metrô de Paris.
Na terça-feira, a explosão de uma bomba matou sete pessoas na estação Saint-Michel.
A RTL teria recebido na noite de anteontem um telefonema do comando geral do GIA (Grupo Islâmico Armado).
O GIA é um conjunto de grupos guerrilheiros fundamentalistas que pretende derrubar o governo da Argélia, apoiado pela França.
A rádio France Inter, por sua vez, teria recebido na madrugada de quarta-feira um telefonema do até então desconhecido Jihad Islâmico Argelino.
A France Inter informou à Folha que o autor do telefonema dizia estar na Alemanha, para onde teriam retornado os terroristas do metrô. Ele também disse, segundo a rádio, que as ações do grupo continuarão caso a França mantenha seu apoio à Argélia.
Segundo a polícia, o tipo de bomba usado na atentado deve ser determinado até o fim-de-semana.
Até agora, sabe-se que os explosivos estavam dentro de um pequeno botijão de gás, usado em acampamentos.
A TV France 2 mostrou ontem um vídeo de propaganda do GIA. A gravação ensinava como fazer uma bomba com o mesmo tipo de botijão que explodiu no vagão de metrô.
As rádios parisienses disseram também que um boletim, o "Al-Ansahar, dirigido à comunidade muçulmana de Estocolmo (Suécia) teria atribuído o atentado a fundamentalistas islâmicos.
Outro grupo de oposição argelino, a FIS (Frente de Salvação Islâmica, também ilegal), divulgou ontem um comunicado negando qualquer relação com o atentado, que considerou ``deplorável".
``Nossa guerra é na Argélia. Nosso povo não tem interesse algum em exportar essa luta" disse Anuar Haddam, da FIS, em entrevista à TV France 2, de Washington, na noite de ontem.
Ontem, um dia antes do fim-de-semana em que 10 milhões de franceses estarão nas estradas por causa das férias, continuaram as ameaças de bomba.
Em Paris, a estação de Lyon, o prédio da Bolsa de Valores e a estação Voltaire do metrô foram evacuadas devido a alarmes falsos.
Em Bordeaux (sul do país), um desempregado de 36 anos foi condenado a um ano de prisão por dar falsos alertas de bomba e por tentativa de extorsão sob ameaça de explosão de bomba. Ele disse que fazia isso para "matar o tempo".
Segundo a polícia francesa, retratos falados dos supostos terroristas estão sendo elaborados.

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