São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995 |
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CUT vota aumento da contribuição sindical Plenárias estaduais debatem assunto nesta semana CRISTIANE PERINI LUCCHESI
A proposta, polêmica, será votada nas plenária estaduais da CUT, que começam a ocorrer esta semana, e fechada na plenária nacional, entre os dias 30 de agosto e 2 de setembro. ``Queremos fortalecer as finanças da CUT, para que ela possa oferecer mais serviços, e reduzir a fragmentação de atividades nos sindicatos", afirma Remigio Todeschini, o Remi, tesoureiro da central e membro da Articulação Sindical. Segundo ele, os sindicatos já pagam hoje, além dos 5% para a CUT, de 2% a 3% para confederações e federações (no total, de 7,1% a 8,15%). A idéia da Articulação é que a CUT centralize a partir de agora as contribuições às federações e confederações e passe a cobrar 8% do faturamento no primeiro ano, 9%, no segundo, e 10%, no terceiro. Remi argumenta que hoje as contribuições internacionais são responsáveis por cerca de 25% da receita da CUT nacional, de cerca de R$ 140 mil em junho. ``Em 96, os recursos externos vão secar e precisamos caminhar com nossas próprias pernas", diz Remi. A proposta de aumento na contribuição encontra resistência nas correntes minoritárias da central. ``Concordo que a CUT precisa equilibrar receita com despesas, mas precisamos reconhecer a realidade do movimento sindical. Muitos sindicatos são fracos e já não conseguem nem pagar as mensalidades hoje, imagine com aumento", argumenta José Maria de Almeida, o Zé Maria, presidente do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU, antiga Convergência Socialista) e da direção executiva da CUT. A Corrente Sindical Classista (ligada ao PC do B) ainda não fechou posição sobre o assunto, mas também teme o aumento da inadimplência e sonegação, diz Wagner Gomes, da direção executiva da CUT. A inadimplência, segundo Remi, caiu pela metade, mas ainda hoje 15% a 20% do total de 2.200 sindicatos filiados não pagam a CUT em dia, o que representa uma perda de cerca de R$ 100 mil por mês à estrutura da entidade como um todo. Vicentinho Também a proposta de criação dos sindicatos ``orgânicos" (integrados à estrutura da CUT) está causando protestos entre as correntes minoritárias da central, que perdem poder com a mudança. O presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, nega a perda de poder. Segundo ele, a idéia é fortalecer a CUT e os sindicatos fracos, por intermédio da fusão com sindicatos maiores da mesma região. Os sindicatos hoje são filiados à CUT, tem estrutura própria, e não necessariamente tem de seguir as deliberações da direção nacional. ``A integração dos sindicatos à estrutura da central traria muita economia à CUT. Poderíamos, por exemplo, unir 15 sindicatos de uma mesma cidade, que passariam a funcionar em uma só sede da CUT na região, ter apenas uma assessoria jurídica e de imprensa", afirma Remi. Autonomia Para Oswaldo Martinez, da corrente trotskista ``O Trabalho" e membro da direção executiva da CUT Estadual SP, a mudança acabaria com a autonomia dos sindicatos. Zé Maria concorda e acrescenta: ``A cúpula passa a ter mais poder do que a base." Segundo Gomes, o sindicato ``orgânico" trará divisão, pois os setores não ligados à CUT nas diretorias serão forçados a sair e formar outras entidades. Texto Anterior: OPINIÃO DA FOLHA Próximo Texto: Desindexação divide as correntes internas Índice |
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