São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995
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Inflação em cena

DEMIAN FIOCCA

A Fipe registrou 4% de inflação mensal na terceira quadrissemana de julho. É provável que o índice caia um pouco no fechamento do mês e fique abaixo disso em agosto e setembro. Bancos e consultorias prevêem que os preços subirão entre 2% e 2,5% ao mês até dezembro. É um cenário mais preocupante do que parece.
A inflação de 35% no primeiro ano do Real foi acompanhada da correção dos salários e do crescimento da economia. A idéia de que se tratava de uma transição manteve as expectativas otimistas. Daqui em diante, porém, as demissões e o ritmo mais fraco de produção e vendas tendem a criar maiores tensões.
O governo e parte do empresariado parecem conformados com uma inflação na casa dos 25% a 30% ao ano. Sem razão nem alarde, o fato é que muitos setores da indústria, do comércio e dos serviços continuam subindo seus preços um pouco a cada mês, ``só para acompanhar a inflação". É a chamada indexação informal.
Outro complicador é que as políticas convencionais de combate à inflação -juros altos e recessão- têm eficácia limitada em economias com alta concentração de capital, como a brasileira. Oligopólios e cartéis com frequência enfrentam uma queda prolongada nas vendas subindo preços, em vez de baixá-los.
A isso soma-se a (legítima) resistência dos assalariados a ficarem sem reajuste por 12 meses. Desenha-se no longo prazo um quadro no qual é mais difícil derrubar a inflação.

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