São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995
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Com a palavra o Banco Central

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

O mercado financeiro tem vivido dias de Primeiro Mundo. As oscilações de preços em seus dois segmentos mais importantes, o mercado de câmbio e o mercado de juros, têm sido medidas na terceira ou quarta casa decimal.
Mesmo na chamada ponta da asa do mercado, isto é, os contratos futuros mais longos, a volatilidade das cotações tem sido muito pequena. Os operadores estão submetidos à implacável ditadura das mesas de operação de nossa Autoridade Monetária.
A normalização das operações cambiais, com a volta dos investimentos financeiros de curto e médio prazos, e o sentimento de que o pior desequilíbrio das contas comerciais já passou fizeram do BC o dono inconteste deste mercado. Tal é o grau de segurança da mesa do Depin que todos os músicos da chamada banda cambial foram embora, ficando no palco apenas o maestro, fixando de acordo com uma partitura que só ele conhece a trajetória de variação da taxa de câmbio.
No mercado monetário, com todas as torneiras importantes de emissão de moeda fechadas -a única exceção agora em julho está sendo a troca de dólares por reais-, o BC define via as operações de open market a taxa de juros de curto prazo. Aqui, os agentes têm a liberdade de criar suas próprias expectativas e fantasias em relação ao futuro via os mercados de juros na BM&F.
E é aí que se concentram hoje as atenções e as apostas do mercado. Os juros têm se mantido estáveis -ao redor de 4% brutos ao mês- há mais de quatro meses. Com os sinais de desaquecimento da economia ficando cada dia mais claros existe hoje um espaço para que o BC promova a tão necessária -e esperada- redução dos juros.
Aparentemente, o governo está esperando que a inflação captada pelos índices de preços ao consumidor voltem aos seus níveis normais, depois de absorvidos os aumentos de algumas tarifas públicas. Com os índices convergindo para a taxa de 2% ao mês, situação que deve ocorrer ao longo de agosto, a redução de juros poderá ser feita sem levantar a eterna discussão de que o poupador está tendo juros negativos em suas aplicações.

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