São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995
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Profissionais usam meditação e fé no trabalho

DO "USA TODAY"

Em uma salinha apertada no distrito financeiro de Nova York (EUA), Edward Bednar realiza uma missão curiosa: ensina funcionários estressados de Wall Street a viverem uma vida mais contemplativa.
Bednar põe em prática técnicas de meditação zen-budista. São preceitos que aprendeu durante uma viagem espiritual realizada ao longo dos últimos 25 anos.
Ele incluiu no programa temporadas passadas em mais de 25 mosteiros católicos e budistas, estudos com mestres japoneses do zen-budismo e uma visita de uma semana ao Dalai Lama tibetano, no Tibet (Ásia).
Suas aulas de meditação são um dos muitos caminhos que estão sendo explorados por funcionários que procuram combinar valores espirituais com vida no trabalho.
Segundo Phyllis Tickle, editora de livros religiosos da ``Publishers Weekly", o sofrimento cumulativo sentido pelos empregados devido às demissões e ao desaparecimento da segurança no emprego está obrigando as pessoas a procurarem uma nova visão do trabalho.
As vendas de livros religiosos e espirituais aumentaram 45% em março em relação ao mesmo mês no ano passado. Vários deles se tornaram best sellers. Nada disso, no entanto, surpreende Bednar.
``Não vejo adversidade entre a visão contemplativa do mundo e o mundo empresarial burocrático."
Muitas outras pessoas têm a mesma opinião. Em Chicago (EUA), um grupo de profissionais católicos formou o Clube da Primeira Sexta-Feira.
Objetivo: tirar uma hora do trabalho, uma vez por mês, para que as pessoas possam conversar sobre como ligar seus sistemas de valores e sua fé ao que fazem no dia-a-dia.
Na fábrica da Ford em Hazelwood, Montana (EUA), um grupo ecumênico de oração realiza reuniões regulares.
A Lotus Development formou o chamado ``comitê de alma" para examinar o sistema de valores seguido pelos dirigentes da empresa.
A tendência já deu lugar ao surgimento de novas empresas. Partindo de algumas dezenas de clientes, dez anos atrás, a Sounds True Audio (empresa do Colorado, EUA, que vende fitas cassetes) tem hoje 130 mil assinantes.
Espalhados pela América do Norte e Europa, consomem títulos sobre espiritualidade, meditação e desenvolvimento pessoal.
``As pessoas estão se voltando às grandes tradições religiosas", afirma Jonathan Green, executivo da Shambhala Publications.
Edward Bednar pensou em vincular negócios e meditação depois de ver a ``sala de meditação" de uma grande empresa japonesa, alguns anos atrás.
Desde 1992, suas aulas já atraíram mais de cem profissionais. Um de seus alunos é John Hummer, analista de mercados que procura meios de aumentar a receita marítima da Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey, nos Estados Unidos.
Hummer conta que recentemente meditou antes de participar de uma reunião de trabalho. Ele diz que ``temia que nela surgissem confrontos bastante acirrados".
``Em lugar de me irritar, ouvi os outros participantes. Eu já havia me libertado de tensões com exercícios de meditação. Quando entrei na sala de reuniões, estava calmo e centrado", lembra.

Tradução de Clara Allain

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