São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995 |
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Oceanógrafo tem mercado de trabalho restrito
CARLA ARANHA SCHTRUK
Teoricamente, o oceanógrafo pode trabalhar em empresas privadas, órgãos públicos, universidades e instituições de pesquisas. Na prática, porém, a realidade é outra. ``O mercado é muito restrito no Brasil. Quem sai da faculdade vira professor ou pesquisador -e ganha muito mal", afirma Pedro Castelli Vieira, 44, coordenador do curso de Oceanologia da FURG (Fundação Universidade do Rio Grande), de Rio Grande (RS). Os salários variam de R$ 700 a R$ 1.000, principalmente para pesquisadores de universidades. Professores de pós-graduação costumam ganhar mais -R$ 2.000. A iniciativa privada ainda não oferece oportunidades para oceanógrafos, ao contrário do que acontece em países como Japão, Estados Unidos e Alemanha. Mas empresas de consultoria ambiental já existem em vários Estados. Concentram-se em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. São cerca de 20 e empregam, cada uma, de três a quatro oceanógrafos. A área é bem-remunerada. Um consultor internacional ganha R$ 200 por hora, em média. ``Esperar investimentos de governo ou empresas é um erro. O profissional precisa formar seu mercado de trabalho", diz Antônio Garcia Occhipinti, 67, oceanógrafo formado nos EUA e dono da Hidrosystem, a maior empresa do setor no Brasil. Quem optar por estudar oceanografia só conta com três opções no país, nenhuma delas em São Paulo -a USP (Universidade de São Paulo) oferece apenas pós-graduação no Instituto Oceanográfico. A melhor faculdade, segundo os profissionais ouvidos pela Folha, é a de Rio Grande. A UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), a segunda mais bem-cotada, também oferece graduação. Há ainda a Univale (Universidade do Vale do Itajaí), em Santa Catarina. Depois de formado, o oceanógrafo pode optar por especializações. Em química, estuda a ação dos organismos e metais na água e suas reações -como a poluição dos oceanos. Em física, movimentos de marés, correntes e ondas. Em biológica, pesquisa a população marinha. Em geológica, os movimentos das placas terrestres -que formam os continentes- e sua relação com o mar. ``No Brasil, nenhuma dessas áreas é valorizada. Os empresários têm receio de investir em oceanografia. O resultado é dramático. Não conhecemos praticamente nada dos nossos recursos marítimos", analisa Luiz Roberto Tommasi, 64, professor de estudos de impacto ambiental na USP. A aquacultura (que estuda o comportamento e a reprodução de peixes e moluscos) é um dos ramos práticos onde o oceanógrafo é mais utilizado como técnico-cientista. E é determinante para aumentar a produtividade na pesca. ONDE ESTUDAR FURG: (0532) 30-1900; UERJ: (021) 284-8322; Univale: (0473) 44-4504; USP: (011) 818-6546 Texto Anterior: Erro não tirou apresentador do rádio Próximo Texto: Oportunidades virão em 1996 Índice |
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