São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995 |
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São Paulo tem música para todas as tribos
PIKY CANDEIAS
Durante uma noite na Vila Madalena, por exemplo, é possível assistir a pelo menos quatro tipos de show sem pegar o carro. Enquanto o bar Bom Motivo -um dos mais antigos do bairro- está com as mesas lotadas de jovens fãs da MPB, o Armazém, na Mourato Coelho, abre espaço para a música ``de raiz" (música sertaneja tradicional). A banda Comida Caseira interpreta sucessos de Almir Sater e Renato Teixeira às sextas e sábados. Esse é um dos motivos que levam o assessor administrativo Daniel Chagas, 29, a ser um freguês do Armazém. "A música é nota dez, não é chique e não tem molecada", afirma. A decoração é rústica e o bar pequeno. É bom chegar cedo porque costuma lotar. A poucos metros dali está o Baróphilos, que dedica as noites de sexta e sábado à música instrumental. Aos domingos, intérpretes da MPB tocam para os fregueses, que têm, em média, 30 anos. O Merlin, em Pinheiros, também oferece música instrumental, com exceção de domingo, quando o som é pagode. Já no Barbahala, na Mourato Coelho, a noite de domingo é à base de forró. Ainda nas proximidades, uma grande pedida é a Soweto, na rua João Moura. Bem decorado, o Soweto tem pista de dança e bar no primeiro andar e mesas no segundo. O som vai do rap e do funk até ritmos africanos. Nas sextas-feiras, os DJs Tio Fresh e Primo Preto -apresentador do programa Yo MTV Raps!- comandam o som. Domingo é a vez do badalado DJ Hum. Durante uma hora a seleção é só de raps nacionais e depois um flash-back de música negra. "Toco funk e soul music dos anos 60, 70 e 80", diz o DJ Hum. Também em Pinheiros, no Damaxoc, a equipe da Black Mad é responsável pelo som dos fins-de-semana: rap, rhythm & blues e música negra romântica. Já nos Jardins, o moderninho Espaço Columbia também é uma opção para as noites de sábado. Toca rap e funk até quatro horas da manhã e reggae não entra na programação. Proibido no Columbia, o ritmo jamaicano é o prato principal no Balafon, em Higienópolis. A casa também oferece músicas afro-caribenhas. No Espaço Atual, em Interlagos, se ouve rap e funk, com música ao vivo ou baile. Mais restrito, o Projeto Radial, no Tatuapé, é o reino do rap. Ali ainda é possível dançar o bate-cabeça -estilo de rap inspirado em bandas como Cypress Hill-, que esteve mais em moda no ano passado. Marcos Paulo, estudante de 17 anos, gosta mesmo é de rap. Além do Sunset, ele frequenta o Santana Samba e só acha ruim o preço da cerveja. "Aqui, uma latinha custa R$ 2,00 e, no Santana Samba, é R$ 1,00." Com todas essas opções de estilos musicais, quem saiu perdendo foi o rock nacional. Para grupos brasileiros tocarem, sobrou o Aeroanta, em Pinheiros. Há alguns anos a casa apresenta bandas consagradas ou, pelos menos, um pouco conhecidas do público, como Okotô e Pin Ups. A outra alternativa é o Nias, que abre espaço para covers e bandas mais famosas como Professor Antena. Os bares dedicados ao jazz, blues e soul são poucos e bons. Uma opção é o Blue Night Jazz Bar, no Itaim. No antigo Blue Note, bandas nacionais se apresentam nos fins-de-semana. O ambiente é agradável, as paredes grafitadas e, além da música, o Blue Night faz exposições de artes plásticas. O músico Fabio de Oliveira, 25, é cliente do Blue Night e de outras casas onde se ouve jazz. "Também vou ao Sanja, ao Bourbon Street, que apresenta bandas internacionais". Na Vila Madalena também é possível encontrar jazz e blues. O Piratininga tem dois andares e mesas na calçada, mas o que chama atenção é a música. Pelo menos na opinião do médico Maurício Ricci, 27, que gosta de jazz e detesta pagode. "O som é muito bom e tem um fantástico violinista", diz. Baróphilos (r. Fidalga, 362, tel. 816-6830, Vila Madalena) Armazém (r. Mourato Coelho, 1.373, tel. 210-7219, Vila Madalena) Blue Night Jazz Bar (av. São Gabriel, 558, tel. 884-9356, Itaim) Balafon (r. Sergipe, 160, tel. 259-8341, Higienópolis) Espaço Columbia (r. Estados Unidos, 1.570, tel. 282-8086, Jardins) Aeroanta (r. Miguel Isasa, 404, tel. 815-3109, Pinheiros) Nias (r. dos Pinheiros, 688, tel. 852-3877, Pinheiros) Merlin (r. Bianchi Bertold, 64, tel. 815-7464, Pinheiros) Sanja (r. Frei Caneca, 304, tel. 255-2942, Pinheiros) Barbahala (r. Mourato Coelho, 648, tel. 212-5387, Vila Madalena) Soweto (r. João Moura, 749, tel. 883-0634, Pinheiros) Espaço Atual (av. Interlagos, 3.060, Interlagos) Sunset Club (av. Cruzeiro do Sul, 3.320, tel. 959-7488, Santana) Projeto Radial (r. Tuiuti, 1.574, Tatuapé) Piratininga (r. Wisard, 149, tel. 210-9775, Vila Madalena) Bourbon Street (r. dos Chanés, 127, tel. 61-1643, Moema) Damaxoc (r. Butantã, 100, tel. 212-1656, Pinheiros) Bom Motivo (r. Inácio Pereira da Rocha, 1985, Pinheiros) Texto Anterior: Obesidade pode ter causa genética Próximo Texto: Orquestra inglesa de metais toca em SP Índice |
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