São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995
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`Quase rei' deixou escola aos 15

OTÁVIO DIAS
DE LONDRES

Se a rainha Vitória não tivesse vencido a "guerra intra-uterina" e garantido o trono mais cobiçado da Terra, o rei da Inglaterra em 1995 seria o príncipe Ernst August, herdeiro do reino de Hanover (Alemanha).
Tataraneto do duque de Cumberland, Ernst Augustus (1771-1851), August ficou conhecido em sua juventude como o ``príncipe rebelde".
Ernst August, 41, abandonou a escola aos 15 anos para trabalhar numa fazenda depois de se indispor com a família por fumar e usar cabelos compridos.
Também perdeu sua habilitação de motociclista ao participar de corridas de rua na Alemanha.
Ele se casou com Chantal Hochuli 24 horas depois que o príncipe e a princesa de Gales -Charles e Diana- protagonizaram o chamado "casamento do século" na abadia de Westminster (Londres).
Ao contrário da união de Charles e Diana, entretanto, o casamento de Ernst e Chantal parece ter dado certo.
Seu trisavô, George 5º, filho do duque de Cumberland, tornou-se rei de Hanover quando a rainha Vitória foi coroada rainha do Império Britânico.
No século passado, o rei da Inglaterra era também rei de Hanover. No entanto, a Lei Sálica, em vigor no antigo reino germânico, impedia que mulheres ocupassem o trono.
Com a chegada de Vitória ao poder, as coroas se dividiram, e seu primo George 5º acabou virando o rei de Hanover. Foi deposto em 1866.
``Se George 5º tivesse se tornado rei da Inglaterra no lugar da rainha Vitória, as coroas da Grã-Bretanha e de Hanover teriam permanecido unidas e, provavelmente, a campanha de (Otto von) Bismarck pela unificação da Alemanha teria fracassado", afirma o professor William Potts.
Segundo ele, outra importante mudança na história da Europa teria ocorrido caso o trono do Império Britânico tivesse caído nas mãos dos antepassados do príncipe Ernst August.
Segundo ele, durante o reinado de rainha Vitória houve grande transferência de poderes das mãos da monarca para o Parlamento.
``A família de August é mais autocrática e provavelmente teria relutado em ceder poderes ao Parlamento", diz Potts, autor do livro ``O Gene da Rainha Vitória".
``É bem provável que tivesse havido uma revolução republicana para dar mais autonomia ao Parlamento", afirma Potts.
(OD)

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