São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 1995
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Censura

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

No Brasil, começou com d. Lucas Moreira Neves, ainda antes da eleição na CNBB. Continuou depois no governo Fernando Henrique, com seu ministro da Justiça.
Nelson Jobim voltou ao tema esta semana, na Jovem Pan, anunciando que o governo vai fazer um encontro de políticos e religiosos e outros, porque ``o fato é o seguinte: não dá mais para a gente deixar essas coisas debaixo da mesa".
Essas coisas são o sexo e a violência na televisão.
Muito antes de d. Lucas e do ministro, nos Estados Unidos a campanha já estava no ar, com religiosos e políticos.
Uma semana atrás, o próprio Bill Clinton surgia na C-Span, televisão a cabo, num encontro sobre ``essas coisas".
Demorou, mas ontem, pela mesma C-Span, o presidente da Motion Pictures Association of America, que reúne os estúdios que produzem a programação de televisão, reagiu.
Em uma palavra, que ele não usou, a sua resposta foi uma acusação: hipocrisia.
- Nós temos o direito de não assistir programas que não achamos apropriado para as nossas famílias, de não assinar os canais de cabo aos quais nós nos opomos. Mas, se você não exercita esses direitos, você vai culpar quem? ``Foi Satã que me fez agir assim"?
É o que acontece no cinema. Sob pressão, a mesma indústria está produzindo mais e mais filmes para a família.
- Não faltam filmes para a família. O que falta são platéias familiares. ``A Little Princess" é dado como a melhor fita para a família em anos. E adivinhe? As platéias não comparecem. As pessoas dizem querer filmes para a família, mas quando eles estréiam, elas não vão.
O último argumento de Jack Valenti, falando diretamente, por fim, da censura:
- Nós queremos agora que o Congresso, que os políticos se tornem a babá nacional? Eu não teria coragem de falar que vocês os querem dizendo como devem conduzir as vidas e os valores dos seus filhos.
Aliás, para registro, Nelson Jobim ``disse que o governo pretende discutir fórmulas para controlar a exibição de cenas de sexo na televisão".

Guerra santa
Em guerra de audiência, a Globo foi ontem para cima da Record, via Igreja Universal e os dízimos do bispo.

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