São Paulo, quarta-feira, 2 de agosto de 1995
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Inverno quente agrava poluição

DA REPORTAGEM LOCAL

Este inverno quente -com temperaturas míninas três graus acima da média, falta de ventos e chuva- está causando um aumento da poluição em São Paulo.
Ontem, cinco estações estavam com qualidade de ar inadequado: Cubatão (62 km a sudeste de SP), Diadema (Grande São Paulo), Mooca (zona leste da cidade), Parque D. Pedro 2º (centro) e Santana (zona oeste). Na segunda-feira, eram duas as estações em estado inadequado (Cubatão e Diadema).
A Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) pretende fazer até o fim deste mês um teste para restrição da circulação de carros no centro. Durante uma semana, os motoristas teriam de deixar o carro em casa pelo menos um dia, dependendo do número final da placa.
Segundo Alfred Szwarc, diretor da empresa, os motoristas que desrespeitarem a recomendação receberão multa simbólica (sem valor).
Mas, de acordo com Szwarc, a Cetesb pode decretar um rodízio obrigatório se for decretado estado de alerta. Isso acontece quando a qualidade do ar piora muito.
Além do monóxido de carbono (expelido pelos carros), outro gás têm preocupado os técnicos da Cetesb. O ozônio. No sábado foi registrado o mais alto nível de ozônio no ar de São Paulo. Na Lapa (zona oeste), chegou a 762 microgramas por metro cúbico.
Se tivesse atingido 800, a Cetesb decretaria estado de emergência e interromperia o trânsito na região -o que nunca aconteceu.
Anteontem e ontem, a Cetesb registrou índices menores de ozônio na Lapa -149 e 98 microgramas por m3, respectivamente.
Mesmo assim, se o tempo continuar como esteve nesses dias -quente, ensolarado e com pouco vento- a concentração de ozônio pode voltar a crescer.
Essas condições são favoráveis ao aparecimento e desfavoráveis à dispersão do gás, que é criado por uma reação fotoquímica entre o óxido de nitrogênio e o monóxido de carbono com a presença dos raios solares.
Na estratosfera (camada superior da superfície da terra), o ozônio forma uma camada que filtra raios solares que podem causar câncer. Na atmosfera, causa irritação de nariz e garganta, tosse e envelhecimento precoce.

Saúde
A inversão no clima está também provocando o aumento na procura por hospitais. Segundo o pneumologista Clystenes Odyr Soares Silva, do Pronto Atendimento de Pneumologia do Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo, o atendimento diário de doentes com problemas respiratórias cresceu 40%, por causa do inverno e da poluição.
O inverno e a poluição não causam, apenas agravam a situação de quem já tem doenças respiratórias.

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