São Paulo, quarta-feira, 2 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Depois da volta

THALES DE MENEZES

Monica Seles voltou a jogar tênis na frente de outras pessoas. Cerca de 11 mil felizardos assistiram ao vivo, em Atlantic City. Alguns milhões, brasileiros inclusive, acompanharam pela TV.
A pergunta mais ouvida por este colunista desde o último sábado é uma só: ``Que tal foi o retorno da Seles?". A única resposta honesta só pode ser... sei lá.
A questão é muito delicada. Quando foi obrigada a parar de jogar, Monica era um monstro na quadra. Passava por cima das adversárias. Menos Steffi Graf, a única que podia jogar de igual para igual com ela.
Qual das duas era a melhor? Outra pergunta difícil. As duas começavam naquela época (1993) um tira-teima comparável aos confrontos entre Borg e McEnroe no final dos anos 70.
Os especialistas buscavam a cada partida aquela que pudesse ser a vitória definitiva, a prova incontestável da supremacia de uma delas. Mas isso não veio, e aí apareceu aquele maluco esfaqueador.
Dois anos depois, Monica jogou bem em Atlantic City, mas resta saber como ela vai reagir numa partida para valer. Sem querer menosprezar a melhor tenista de todos os tempos, Martina Navratilova não serve mais de parâmetro.
Claro que os golpes refinados de Martina continuam lá, mas seu preparo físico não permite mais que ela tome o comando das ações na partida. Martina está muito lenta. Por isso que atualmente ela só joga duplas, onde precisa de menos movimentação.
Monica foi esperta. Optou pelo jogo de fundo e deslocou Martina na quadra. Muita gente na imprensa ficou enaltecendo as muitas passadas que Monica deu em Martina, mas se esquecem de analisar que a maioria delas aconteceu pela incapacidade de correr na quadra demonstrada pela rival.
Monica está mais gordinha e parece ter mudado seu jeito de sacar. Está jogando a bolinha ao alto um pouco mais à esquerda, o que permite um movimento mais amplo, para imprimir mais velocidade à bola sem precisar de mais força.
Essa mudança seria um sinal de que a musculatura de seu ombro foi afetada pela facada? Vai saber. Novamente, é só especulação.
É preciso esperar. Monica Seles só terá chance de provar alguma coisa quando estiver diante de tenistas jovens e agressivas como essas pirralhas que não param de surgir no circuito.
Cuidado, Monica. Algumas delas são tão novinhas que podem nem saber quem é você.

Texto Anterior: Sensor palestrino está ligado no Corinthians
Próximo Texto: Notas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.