São Paulo, quinta-feira, 3 de agosto de 1995
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Crise política tem causa econômica

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
EDITOR DO PAINEL

Apesar de ter motivação política, a ameaça de insurreição na base parlamentar governista não aconteceria se não houvesse sinais de recessão.
Caiu no Congresso a crença de que o governo pode evitar que problemas econômicos estourem em 96, um ano eleitoral.
Inadimplência, falências e desemprego enfraquecem a imagem de FHC e, por tabela, aumentam o cacife de deputados e senadores na barganha de cargos por votos.
Ao abrir mão da convocação extraordinária do Congresso durante o recesso de julho, o governo complicou sua própria vida.
Os parlamentares voltaram das férias tendo visto de perto os sinais da crise -em especial nas regiões agrícolas.
Isolados em Brasília em meio ao clima de euforia pela aprovação das emendas constitucionais da ordem econômica, os parlamentares seguiram docilmente as orientações do Planalto até junho. Com o recesso, o clima mudou.
Além de perder o embalo das votações, o governo encarou o recesso realmente como se fosse férias: não negociou previamente com os parlamentares as propostas que seriam encaminhadas agora.
Para piorar, as nomeações para as estatais mais cobiçadas, as ``teles", foram feitas com o Congresso fechado. Só agora o governo está sentindo a ressaca da festa.

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