São Paulo, quinta-feira, 3 de agosto de 1995
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Operário diz que matou corretora

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ajudante de serralheiro Ricardo Lima dos Santos, 19, confessou ter assassinado a corretora de imóveis Lucicleide de Souza França, 36, no último sábado, no Morumbi (zona oeste de SP). Ele foi preso na madrugada de ontem.
A corretora não foi estuprada, como disse em depoimento J.C.F.J., 7, filha de Lucicleide, que assistiu ao crime.
Segundo laudo divulgado pelo Centro de Investigações de Crimes Sexuais da Universidade de Mogi das Cruzes (SP), ``não havia vestígios de sêmen na vítima".
O resultado do exame coincide com o depoimento de Santos à polícia. Ele disse ter matado a corretora quando ela reagiu à tentativa de estupro (leia texto ao lado).
Lucicleide foi morta com dois tiros na cabeça e um no braço. Santos disse que abordou a corretora dentro do estacionamento do hipermercado Paes Mendonça, na marginal Pinheiros (zona oeste).
Após ter cometido o crime, Santos afirmou que foi para o hospital Morumbi e depois a uma festa de aniversário na favela Paraisópolis (zona oeste). Na festa, entregou a arma a uma ex-namorada, identificada por ele como Dai.
Santos foi preso em um alojamento da Encol, onde trabalhava e morava, na Barra Funda (centro).
A polícia descobriu seu nome por causa de um recibo de transferência bancária, achado dentro de uma mochila encontrada no carro da vítima. O recibo tinha o nome e o número da conta de Santos.
Manchas de sangue no carro levaram a polícia a acreditar que o autor do crime tivesse se ferido.
No pronto-socorro do hospital Morumbi, houve a confirmação. Santos foi atendido na mesma noite do crime, dizendo ter sido atingido por uma bala perdida. Na sua ficha de registro, ele deixou nome e endereços verdadeiros.
Um telefonema anônimo, na manhã de ontem, também indicou o ajudante como o autor do crime.
Santos teve prisão temporária decretada. Ele ficará no 69º DP (zona leste), em uma cela isolada, por 15 dias. A prisão pode ser prorrogada por mais 30 dias.
Segundo o delegado Rodrigues, a pena para o crime (tentativa de roubo seguida de morte) é de, no máximo, 30 anos. Como Santos é primário, pode ser reduzida. Ele teve apenas uma passagem pelo SOS Criança, há três anos, pelo roubo de ferramentas.
J.C.F.J. não teve que reconhecer Santos. ``Temos provas suficientes para evitar o reconhecimento", disse Rodrigues.

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