São Paulo, sábado, 5 de agosto de 1995
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Sarney critica proposta de reforma

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), criticou ontem o enfoque das propostas de reforma tributária que estão sendo discutidas e manifestou dúvidas quanto à fácil aprovação da reforma.
``O enfoque público que está sendo dado ao sistema tributário na discussão da reforma é errado. Estamos discutindo a distribuição dos recursos atualmente existentes, quando devíamos discutir a diminuição de impostos, a simplificação da arrecadação e a criação de mecanismos que combatam a evasão fiscal", disse.
Para Sarney, esta será uma das matérias mais polêmicas que o Congresso vai discutir e analisar neste segundo semestre, principalmente porque envolve a distribuição de recursos entre União, Estados e municípios.
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse a Sarney que espera haver consenso entre o que for negociado entre a equipe econômica e a sociedade em geral, inclusive governadores, que estão criticando a proposta do governo.
O senador defende uma ``modificação profunda" em toda a legislação tributária que, segundo ele, é ``muito arcaica". Sarney disse que a arrecadação tem que ser modernizada, os impostos reduzidos e a sonegação combatida ``pela tecnologia, em vez da polícia".
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem a Sarney que a reforma do sistema tributário será a primeira das propostas de emenda que o governo mandará ao Congresso no segundo semestre.
FHC disse que a prioridade será a reforma tributária e que as outras propostas de mudança do texto constitucional -que incluem reformas política, administrativa e do Poder Judiciário- serão enviadas até o fim do ano.
Sarney cobrou do presidente medidas contra as altas taxas de juros praticadas pelo mercado. ``Eu disse ao presidente que o governo tem que encontrar uma maneira de diminuir os juros", afirmou Sarney, ao voltar de uma audiência no Palácio do Planalto.
O assunto da conversa era o calendário das reformas constitucionais, mas ele aproveitou para criticar as taxas de juros, que considera ``astronômicas e podem levar o país a um processo de recessão que ninguém deseja".
Sarney disse que as manifestações de entidades empresariais no país contra os juros altos devem ajudar o presidente a tomar conhecimento de como a sociedade sente as medidas do governo. ``A democracia tem essas válvulas de alerta e esses sinais vermelhos".
Para o senador, as reclamações, no caso das altas taxas de juros, são de ``absoluta procedência". Ao ser perguntado porque tem criticado os juros, Sarney respondeu que, como presidente do Congresso, tem a ``obrigação de dizer ao presidente" o que está ``recolhendo da sociedade".

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