São Paulo, sábado, 5 de agosto de 1995
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Eletropaulo espera prejuízo de R$ 350 mi

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A estatal paulista Eletropaulo diz já ter chegado ``ao limite" dos cortes de gastos possíveis e mesmo assim projeta prejuízo de R$ 350 milhões para este ano.
O prejuízo virá mesmo depois de um corte de R$ 200 milhões nos investimentos da estatal programados para 1995.
Esta redução, que limitou os investimentos a R$ 120 milhões, deve afetar os serviços da empresa daqui a alguns anos.
As necessidades de investimentos da Eletropaulo são, na verdade, de R$ 700 milhões/ano.
O presidente da estatal, Paulo Feldman, afirma que somente um aumento de tarifas da energia elétrica (congeladas há 14 meses) pode tirar a empresa do vermelho este ano.
Segundo a Folha apurou, o Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica, que autoriza reajustes de tarifas em todo o Brasil, deve segurar os preços de hoje até o final do ano.
Isto pelo fato de outras estatais de energia -de outros Estados- estarem superavitárias, apesar do congelamento.
``A Eletropaulo foi mal administrada no passado. E não podemos mais fazer muita coisa neste momento", diz Feldman. Um dos maiores problemas da estatal é uma dívida de R$ 5,1 bilhões.
Desde o início do ano, segundo o presidente da empresa, a estatal cortou despesas (anualizadas) de R$ 644 milhões.
Além dos investimentos, os cortes foram concentrados na folha de funcionários. Houve 5.200 demissões (de terceirizados e contratados), que deverão reduzir o tamanho da folha de salários de R$ 800 milhões/ano para R$ 600 milhões.
Mesmo assim, a Eletropaulo, segundo a Folha informou há algumas semanas, continua sendo a estatal que paga mais benefícios a seus funcionários. Para cada R$ 1.000 pagos em salários, por exemplo, outros R$ 2.200 são desembolsados em adicionais como vales-refeição e ajudas para compras em supermercados.
`Desmonte'
O presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, Enir Severino da Silva, afirma que a atual administração está ``desmontando" a Eletropaulo para facilitar a sua privatização.
O corte nos investimentos, segundo Silva, deve comprometer até mesmo as manutenções preventivas da rede elétrica sob responsabilidade da estatal.
A Eletropaulo faz todo o fornecimento de energia na cidade de São Paulo e alimenta outras 78 cidades ao redor da capital. Ao todo, abastece 75% do Estado.
O prejuízo de R$ 350 milhões previsto para este ano será menor, segundo Feldman, do que o do ano passado. Segundo ele, a administração anterior da empresa usou um artifício contábil (que estava previsto na lei) que encolheu o prejuízo da Eletropaulo em 94.
O prejuízo real teria sido, segundo Feldman, de R$ 750 milhões. Saiu R$ 44 milhões no balanço.

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