São Paulo, sábado, 5 de agosto de 1995
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Bancos criticam privatização do Banespa

LUIZ ANTONIO CINTRA
CARLOS ALBERTO SARDENBERG

LUIZ ANTONIO CINTRA; CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, tem ouvido mais objeções do que adesões ao modelo de privatização do Banespa, nas conversas que vem mantendo com banqueiros e especialistas no mercado de capitais.
Ontem, Loyola discutiu o assunto com o presidente do Banco BBA, Fernão Bracher, que já foi presidente do BC. Bracher apóia a privatização, mas acha que o Banespa só é viável se continuar sendo o caixa do governo do Estado, inclusive centralizando o pagamento do funcionalismo.
Ocorre que se o banco deixar de pertencer ao governo paulista, este não teria mais por que centralizar lá o seu caixa. E se, inversamente, o governo paulista mantiver uma posição muito forte no controle do Banespa, isso pode desestimular eventuais compradores.
Em linha geral, o modelo de privatização do Banespa, em estudo pelo BC, prevê duas etapas. Na primeira, o governo paulista venderia 16% do capital do banco, mas ficando com 50% das ações mais uma. Manteria assim o controle da instituição.
Haveria então um período de transição, de um ano, no qual os sócios privados teriam posições garantidas na gestão do banco. Ao final desse período, o governo paulista venderia mais 20% do capital do banco, tornando-se minoritário, com 30% do capital.
O sócio ou sócios privados teriam 50% das ações mais uma. Mas os funcionários do Banespa, por meio de sua Caixa de Benefícios, teriam 20%. Funcionários e governo paulista, juntos, ficariam com 50% das ações menos uma, o que lhes daria forte posição.
O presidente do Banco de Boston, Henrique Meirelles, citado com um dos possíveis compradores do Banespa, acha o modelo ``extremamente complicado".
Isso porque, avalia, o governo de São Paulo não parece disposto a entregar o controle do banco.
``A privatização deveria ser feita de forma simples: vende e pronto", afirma Meirelles.
Segundo a Folha apurou, outros banqueiros também disseram a Loyola que ninguém vai gastar dinheiro se não tiver controle claro e definido sobre o banco. Eles acham que pode haver uma retirada paulatina do governo paulista.
Mas essa retirada precisaria estar garantida desde o início do processo. Loyola ouviu ainda sugestões para que o Banespa fosse dividido em três ou quatro bancos, cuja venda seria mais fácil.

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