São Paulo, sábado, 5 de agosto de 1995
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Consórcio não terá prazo ampliado

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central desistiu de ampliar o prazo de consórcios de carros porque verificou que a medida beneficiaria quase exclusivamente as fábricas e prejudicaria as concessionárias e revendas independentes.
É o que a Folha apurou no BC. Acontece que as montadoras têm direito a lançar um tal número de novas cotas de consórcio, que poderiam chegar a dominar o comércio de carros. E não faz sentido dar tal poder de comércio aos fabricantes, tal é a avaliação feita no BC.
Até o início desta semana, o BC estava decidido a ampliar para até 50 meses o prazo dos consórcios de carros. Desistiu e agora só aceita voltar ao assunto se as fábricas abrirem mão das cotas que não utilizaram.
O sistema de consórcio é controlado pelo BC, que concede cotas às montadoras e lojas. Ainda no governo Itamar Franco, no quadro de um amplo acordo com a indústria automobilística, as fábricas ganharam 500 mil novas cotas para consórcios.
Dados do BC indicam que a apenas uma pequena parte dessas cotas foi utilizada. Com a ampliação do prazo, as montadoras recorreriam a seu estoque e com isso ganhariam posição no comércio, em detrimento das concessionárias e sobretudo das lojas e consórcios.
Hoje, há dois tipos de consórcios, os de fábrica e os demais. Os de fábrica garantem ao consorciado a entrega do veículo. Os demais não podem fazer isso e entregam o dinheiro para o consorciado procurar o carro no mercado.
Os técnicos do BC consideraram que, com novas cotas, a vantagem das novas montadoras seria ampliada exageradamente. E o problema do setor, ainda na avaliação do BC, não está nas montadoras e sim na rede comercial.
As montadoras têm conseguido manter suas vendas, entre outras coisas porque têm financiamento externo, fornecido por suas matrizes, a custo barato. E o BC pretende que as medidas de apoio ao setor, segundo a Folha apurou, aliviem a situação da rede comercial.

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