São Paulo, sábado, 5 de agosto de 1995 |
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Nem Carmen Miranda salva "Copacabana"
SÉRGIO AUGUSTO
Chanchada em preto & branco, produzida em 1947 pelo autor de suas atrozes canções, Sam Coslow, não podia mesmo dar em boa coisa sob o comando de Alfred E. Green (1889-1960), um burocrata de estúdio. Muita rumba e falsos sambas sombrerados; até em francês Carmen acaba cantando, pois além de ser a carioca Carmen Novarro, vê-se obrigada a fingir-se de ``chanteuse", importada de Paris com o nome de Mademoiselle Fifi. Trapalhadas de seu agente e eterno noivo, Lionel Q. Devereaux, que outro não é se não Groucho Marx (1890-1977), desta feita desacompanhado dos irmãos. Neste filme, o 11º de sua carreira em Hollywood, Carmen cantou ``Tico-Tico no Fubá", a única música do repertório não cometida por Coslow. As demais (``How To Make a Hit With Fifi", ``Je Vous Aime", ``Let's Do the Copacabana" e ``I Haven't a Thing To Sell") merecem a coreografia fuleira de Larry Ceballos. Piores são os números estrelados por Andy Russell, sabonetão de riso alvar que a divina providência condenou ao ostracismo na década de 50. Fechando o elenco, o pesadão Steve Cochran e a desenxabida Gloria Jean. Por sorte, Groucho e Carmen aparecem em quase todas as sequências, enchendo-as de alguma graça e piadas nem sempre traduzíveis. Teso, mulherengo e aldravão, Groucho já entra em cena botando pra quebrar. A boate é a que dá título ao filme. Não foi inventada; de fato, existiu de 1940 até 1973, renascendo pouco tempo atrás. Foi um dos mais glamourosos enclaves boêmios de Manhattan nos anos 40, uma espécie de Cotton Club branco que se aproveitou da onda tropical incentivada pela política de boa vizinhança. Sinatra, Ella Fitzgerald, Sammy Davis Jr., Dean Martin & Jerry Lewis lá fizeram temporadas. A própria Carmen se apresentou em seu palco. Foi durante as filmagens de ``Copacabana" que Carmen conheceu seu futuro marido, David Sebastian, que nos créditos aparece como assistente de produção. Cuidava dos interesses do irmão, co-produtor do filme, que, aliás, deu para cobrir o gasto, não mais que isso. Texto Anterior: Rap e funk tentam unir a favela e a cidade Próximo Texto: Participação é via para alegria Índice |
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