São Paulo, sábado, 5 de agosto de 1995
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Boas intenções

Quando o assunto é saneamento ambiental, parece que todos já se acostumaram com o veneno nosso de cada dia. Nos últimos anos, os níveis elevados de poluição atmosférica, a ausência de iniciativas preventivas e a mentalidade imediatista da população têm levado a que mesmo um problema de saúde pública tão grave como o da poluição atmosférica paulistana neste inverno seja tratado com uma protelação irresponsável.
A implantação de um rodízio de automóveis na região metropolitana, prevista para o fim deste mês, pode aliviar o sofrimento da população que circula nas regiões mais poluídas da Grande São Paulo.
Porém, dependendo da extensão da área delimitada para o rodízio, dois problemas podem ser previstos desde já: se o espaço for muito reduzido, o rodízio trará poucos resultados; se for muito grande, cria-se um problema para parte da população que, dependendo normalmente do automóvel para seu trabalho, não dispõe de uma rede de transportes públicos capaz de atender a todas as suas necessidades de locomoção.
Por outro lado, 60% da população, segundo o Datafolha, diz apoiar o rodízio. Mas, ao que tudo indica, não o realizará enquanto nada a coagir para isso.
E assim, a menos que a própria natureza, por meio de uma frente fria que dispersa poluentes, como a que chegou ontem, resolva parcialmente pelos homens o problema atmosférico, a cidade vai afundando na insalubridade.

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