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o declínio do capitalista selvagem
Por Sérgio Dávila
SÉRGIO DÁVILA
FOTOS MUJICA
"Paulinho Paiakan, 41, explorador de mogno e ouro, estuprador", não existe. Quem diz é o índio, em entrevista exclusiva concedida em sua nova aldeia, Rio Vermelho (ou Kreniediã, "lugar do buraco fechado", em caiapó), a 120 quilômetros de Redenção, cidade ao Sul do Pará. A frase inteira é falsa, afirma. A começar pelo Paulinho. Ele se chama Paulino, dado por missionários ingleses quando Paiakan nasceu e sempre entendido errado pelos brancos. Em sua língua, o nome completo é Bengororoti (a sua religião) Paiakan (um pássaro do cerrado). Não poderia dizer a idade, "porque não fazemos contagem. Tenho documento, mas com tudo inventado, dia, mês, ano, ri". Explorador? "Mogno e ouro acabaram", responde, melancólico. O crime: "A gente erra e procura acertar depois, ter melhores idéias. Mas eu não estuprei".
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