São Paulo, quarta-feira, 9 de agosto de 1995
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ACM ataca Serra e afirma que governo privilegia SP

Senador afirma que o Estado "pode tudo porque está no poder"

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) criticou ontem o ministro José Serra (Planejamento), acusando-o de estar privilegiando o Estado de São Paulo -pelo qual o ministro se elegeu senador no ano passado.
ACM também criticou a atuação do governo na área social.
Os ataques foram feitos durante debate no Senado, quando Serra e o ministro Raimundo Brito (Minas e Energia) falavam sobre a privatização do setor elétrico.
Durante cerca de 30 minutos, os congressistas pararam o debate para que ACM atacasse o governo e Serra apresentasse a defesa.
``São Paulo pode tudo porque está no poder", disse ACM.
Serra respondeu a crítica, dizendo que não era somente São Paulo que estava representado no governo, mas também o Nordeste, e que o poder da Bahia não podia ser menosprezado.
Foi uma referência implícita à influência de ACM junto ao governo. O senador indicou seu afilhado político Raimundo Brito -também do PFL- para ocupar ser ministro das Minas e Energia.
ACM disse que o governo privilegia São Paulo em detrimento de outros Estados, principalmente das regiões Norte e Nordeste. ``O Brasil não suporta mais e o senhor é responsável por isso", disse.
O senador afirmou ainda que ``não será com o `programa solidariedade' que a fome vai desaparecer". ACM referia-se ao ``Comunidade Solidária", programa do governo na área social, comandado pela primeira-dama, Ruth Cardoso.
``A fome vai acabar com programas sérios", disse. A assessoria da primeira-dama disse que ela não comentaria a afirmação.
Para ACM, o governo tem privilegiado São Paulo ao permitir que empresas do setor elétrico do Estado voltem a ficar inadimplentes com o governo.
Serra disse que era normal que o senador apresentasse reivindicações do Nordeste e negou que estivesse privilegiando São Paulo.
ACM interrompeu a fala do ministro para perguntar se as empresas paulistas do setor elétrico haviam pago às estatais do governo que produzem energia. ``Pagou ou não pagou?", perguntou duas vezes, enquanto Serra falava.
Raimundo Brito tomou a palavra e disse que as empresas paulistas não estavam pagando de forma integral ao governo.
``O problema já está encaminhado", afirmou Serra, tentando encerrar o assunto. ACM retrucou e disse: ``Eu queria encaminhar os meus problemas assim".
À saída do debate, ACM cobrou compensações do governo à região Nordeste pelo fato de estar supostamente privilegiando São Paulo.
As compensações, segundo o senador, deveriam ser ``obras, incentivos fiscais e programas de recursos hídricos".

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