São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Maluf comanda fusão do PPR com PP

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

PPR, PP e parte do PTB vão se fundir num novo partido. O acordo que foi fechado anteontem à noite, num jantar da casa do prefeito paulistano Paulo Maluf (PPR), deve resultar na criação do Partido Progressista Brasileiro (PPB).
No final da tarde de ontem, Maluf embarcou para Brasília. O prefeito de São Paulo tinha um jantar agendado na casa do ministro da Agricultura, José Eduardo de Andrade Vieira (PTB), para tentar fechar a inclusão de um setor petebista na sigla que nascerá da união entre PPR e PP.
``Está nascendo o maior partido do Congresso e com candidatos fortes para as eleições de 96 e 98", disse Maluf.
Atualmente, o PPR tem 47 deputados e o PP, 35. O PPR calcula que pelo menos 20 deputados do PTB acompanharão Andrade Vieira na nova sigla, caso se concretize a adesão do ministro.
Se a estimativa do malufismo estiver correta e não houver defecção, a nova legenda terá apenas três deputados a menos que o PMDB, a maior representação na Câmara, e superará o PFL (95 parlamentares).
Maluf acha que pode avançar ainda mais. O objetivo é cooptar deputados descontentes do PMDB, principalmente no Estado de São Paulo.
O PP foi representado por uma delegação comandada pelo deputado Vadão Gomes (SP), presidente nacional da legenda, no jantar que selou a aliança formal com o malufismo.
Acompanhavam Vadão, os deputados Odelmo Leão (MG), Salatiel Carvalho (PE), José Linhares (CE), Flávio Derzi (MS), Francisco Silva (RJ) e José Janene (PR).
A criação do PPB atinge principalmente o PFL, que reforçou no governo Fernando Henrique Cardoso a fama de porto mais seguro de políticos que disputavam cargos na máquina federal.
Com uma bancada que pode chegar a uma centena de deputados, aumenta muito o poder de barganha dos parlamentares hoje abrigados no PPR, PP e PTB.
O raciocínio aplica-se também a Andrade Vieira, alvo frequente de especulações sobre uma possível saída do ministério. Com o cacife aumentado na Câmara, dificilmente ele poderia deixar o cargo, a não ser por vontade própria.
Maluf, é claro, nega que um dos objetivos da fusão seja fortalecer parlamentares que disputam cargos no governo.
``Nunca o PPR pediu cargos", disse o prefeito paulistano. Não negou, porém, que políticos filiados à legenda foram contemplados com nomeações. ``Se alguém ganhou alguma coisa, foi por conta própria", esquivou-se.
No atual PPR, a fusão representa a retomada na prática do controle de Maluf sobre o partido. O prefeito foi ``atropelado" pelo senador Esperidião Amin (SC), presidente da agremiação, quando houve a adesão ao governo FHC.
Maluf estava em férias, no exterior, e foi apenas comunicado da adesão, feita para evitar a debandada de parlamentares em direção ao PFL.
O alvo prioritário do novo partido será o senador paulista Romeu Tuma (sem partido). Sem candidato forte para disputar a sucessão paulistana em 96, Maluf pode apoiar Tuma, embora as relações entre os dois hoje estejam estremecidas.
Tuma também é cortejado pelo PFL. O ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB) também pode tentar uma ``carona" na nova sigla, mas Maluf deve vetá-lo.

Texto Anterior: Políticos defendem limite entre público e privado
Próximo Texto: Jáder tenta articular união do PMDB
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.