São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 1995
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Amigo de Covas ganha serviço sem licitação

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Antonio Dias Felipe, amigo do governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), ganhou um contrato, sem licitação, no valor inicial de R$ 1,9 milhão.
O contrato foi assinado no dia 21 do mês passado. Um resumo do documento foi publicado no último sábado no ``Diário Oficial" do Estado de São Paulo.
A empresa de Felipe, que é padrinho de casamento do filho de Covas, Mário Covas Neto, vai liderar um consórcio para prestar serviços burocráticos de administração, limpeza e vigilância.
Com o número 13/95, o contrato foi feito com a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), pertencente à Secretaria dos Transportes Metropolitanos.
Para dispensar a realização da concorrência pública para a escolha da empresa, o governo Covas alegou que se tratava de uma contratação de ``emergência".
A lei permite esse tipo de contrato para situações especiais, como as calamidades públicas, por exemplo.
Segundo o diretor técnico da EMTU, Carlos Roberto Doll, escalado pelo governo para falar sobre o assunto, a estatal só contratou a firma de Felipe por ter enfrentado problemas com uma licitação que tentou realizar no mês passado e não chegou ao fim.
Ele informa que a licitação teve de ser adiada, por conta de questionamentos jurídicos de empresas que se inscreveram na concorrência pública.
Com isso, a EMTU perdeu tempo. Como não poderia ficar sem os serviços de vigilância e limpeza, teve de optar pela contratação da Power, firma que já prestava serviços no setor.
``Assim que fizermos a nova licitação, a Power e a Teletra, que também foi contratada na emergência, terão os seus contratos rompidos", disse Doll.
Segundo o ``Diário Oficial", o contrato da Power vale por até 180 dias -prazo máximo permitido para serviços de emergência.
A Folha procurou falar ontem com Felipe das 16h30 às 19h50. Os seus assessores informaram que ele retornaria aos telefonemas, o que não ocorreu.
No ano passado, durante a campanha eleitoral, a Folha revelou as ligações de Felipe com os comitês do PSDB, partido do governador.
A Tejofran e a Power, que pertencem ao empresário, prestavam serviços ao então candidato Covas. O financiamento foi confirmado na prestação de conta dos tucanos à Justiça Eleitoral.

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