São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 1995 |
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Conflito em RO deixa pelo menos 10 mortos
LUÍS CURRO
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de Rondônia, morreram oito sem-terra (entre eles um menino de 7 anos) e dois policiais militares. A secretaria chegou a divulgar o número de 17 mortes, mas voltou atrás às 23h30. Segundo o secretário Wanderley Martins Mosini, houve erro na contagem anterior. Ele disse também que havia 13 sem-terra e dez PMs internados. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jaru (RO), que está centralizando as informações sobre o conflito, afirmou que o número de mortos chega a 35 -30 trabalhadores sem terra e cinco PMs. Uma comissão formada por deputados federais e um membro do Ministério da Justiça vai hoje a Rondônia para averiguar o caso. O secretário Wanderley Mosini, 36, disse por telefone à Agência Folha que o confronto começou quando policiais foram atacados pelos invasores com tiros de carabinas e escopetas. Segundo Ananias de Souza Pereira, do sindicato dos trabalhadores, os sem-terra apenas se defenderam do ataque: ``Eles chegaram atirando". Ele diz que existe a possibilidade de os trabalhadores terem confundido os PMs com jagunços enviados por fazendeiros. ``É muito comum os capangas dos coronéis se vestirem com fardas semelhantes às dos policiais", disse ele. Mosini afirmou que a polícia tinha uma ordem da Justiça de Colorado d'Oeste (RO) para a reintegração de posse da fazenda, ocupada por cerca de 500 famílias desde 14 de julho último. ``Os policiais foram surpreendidos pela resistência e obrigados a reagir", disse o secretário. Segundo ele, mais 15 PMs estariam feridos. Mosini disse também que a ação policial só foi decidida após 15 dias de negociações infrutíferas com os sem-terra. Mosini disse, na noite de ontem, que a situação na fazenda estava sob controle da polícia. Segundo ele, não havia a possibilidade de novos confrontos, e os sem-terra estariam deixando o local. Trinta sem-terra foram presos. Mosini disse que médicos legistas e peritos criminais estão na fazenda, sob supervisão do delegado Everaldo Magalhães, para prestar informações definitivas sobre o número de mortos. Na noite de ontem, Pereira disse que não havia possibilidade de novos conflitos. O secretário de Segurança disse que havia cem policiais no local e que a situação estava sob controle. O sindicato disse que a polícia enviou 300 soldados para a fazenda. Segundo o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, há cerca de quatro anos existe disputa na área, de 14 mil hectares. Colaborou a Sucursal de Brasília Texto Anterior: Políticos defendem limite entre público e privado Próximo Texto: Sobrevivente relata `massacre' Índice |
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