São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 1995
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FHC pede respostas para a permanência de Dallari

VALDO CRUZ; MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A permanência definitiva de José Milton Dallari na Secretaria de Acompanhamento Econômico ainda não está garantida. Para ficar no governo, ele terá de responder a três perguntas do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Dallari, a pedido de FHC, terá de provar que se licenciou de sua empresa de consultoria Decisão, que a assinatura que aparece em recibos não é dele e que a sua consultoria tem condições de funcionar sem suas informações.
O presidente não fixou um prazo. Mas espera que Dallari tenha as respostas já na próxima semana, quando ele terá de prestar depoimento em comissões na Câmara dos Deputados.
Ontem, Dallari foi convocado a depor na Comissão de Fiscalização e Controle na terça-feira. Ele já havia sido convocado, com o ministro Pedro Malan (Fazenda), a depor na Comissão de Defesa do Consumidor.
FHC, em conversa com auxiliares, disse que Dallari terá de provar agora que é merecedor do voto de confiança que o governo depositou nele. Caso contrário, ele terá de deixar o cargo que ocupa hoje.
A Folha apurou que a Receita considera que Dallari terá dificuldades para responder principalmente à terceira pergunta.
A Decisão teria, segundo levantamento da Receita, apenas oito funcionários: um contador, duas secretárias, uma telefonista, uma copeira e três auxiliares. Com esse pessoal, faturou em seis meses nada menos que R$ 600 mil.
Dallari acredita, porém, que pelo menos a primeira pergunta já está praticamente respondida. Ele disse a FHC que a assinatura no documento distribuído pelo deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) é de uma funcionária da empresa.
A primeira decisão de FHC e Malan era afastar o secretário por 30 dias e investigá-lo.
Só que Dallari não concordou com a solução, alegando que aceitar a ``licença" seria o mesmo que assumir a culpa no caso.
Malan disse a FHC que não gostaria de demitir Dallari porque se a oposição fizesse novas acusações contra outros assessores, o governo também seria obrigado a demiti-los.
FHC concordou com o argumento do ministro da Fazenda e aprovou a sua intenção de manter o secretário no cargo até a conclusão das investigações da Receita.
O presidente acabou se irritando com o secretário depois que decidiu mantê-lo no cargo. FHC não gostou da entrevista que o seu advogado e primo, Adilson Dallari, concedeu em São Paulo.
Para defender o seu cliente, o advogado acabou atirando em outros auxiliares do governo, citando nominalmente Pelé (Edson Arantes do Nascimento, ministro extraordinário dos Esportes) como dono de empresas.
Ontem, o deputado Alexandre Cardoso (PSB-RJ) fez ontem mais denúncias contra Dallari. Segundo Cardoso, o secretário teria beneficiado empresas de distribuição de combustíveis.
O líder do governo no Senado, Élcio Álvares (PFL-ES), afirmou que o caso ainda deve ser analisado politicamente e que governistas estão insatisfeitos com a decisão.

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