São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 1995
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Clinton proíbe venda de cigarro a menor

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, baixou ontem decreto para classificar a nicotina como droga que provoca dependência e permitir ao governo federal controlar a venda de cigarros a menores de 21 anos.
O decreto proíbe a venda de cigarros por máquinas automáticas e exige prova de maioridade do comprador de qualquer produto com tabaco.
Ele ainda impede que marcas de cigarros patrocinem eventos esportivos ou apareçam em camisetas, bonés ou qualquer outro tipo de roupa.
Empresas produtoras de tabaco e a associação nacional de anunciantes disseram ontem mesmo que vão recorrer à justiça para impedir a entrada em vigor do decreto de Clinton, prevista para daqui a 90 dias.
O presidente disse que, se o Congresso votar nos próximos três meses legislação eficaz para diminuir em 50% em sete anos o índice de fumantes entre adolescentes, ele suspenderá o decreto.
``As crianças são especialmente suscetíveis às tentações mortais do tabaco e ao seu sofisticado marketing", afirmou Clinton.
A venda de fumo a menores de 21 anos já é proibida nos EUA, mas nunca havia sido feito esforço do governo para impedi-la de fato.
Clinton admitiu que fuma charutos ``ocasionalmente" e disse que não iria prometer deixar de fumá-los.
``Eu tento fazer isso de um modo que não dê mau exemplo às crianças. Mesmo assim, me considero culpado", afirmou o presidente norte-americano.
Estima-se que a venda de cigarros para menores de idade representa faturamento anual de US$ 1,2 bilhão para as produtoras de cigarros.
O consumo de tabaco entre adolescentes tem crescido nos últimos dez anos, ao contrário do que ocorre entre todas as outras faixas etárias.
Calcula-se que cerca de um terço dos adolescentes já fumou pelo menos uma vez.
O presidente rebateu as acusações de que seu decreto fere a liberdade de expressão.
``O fumo por menores é ilegal. Como pode ser legal a publicidade para convencer os menores a fumarem?", disse Clinton.
O decreto de Clinton também proíbe: anúncios de fumo nas imediações de escolas, anúncios com fotos ou em cores em revistas dirigidas a adolescentes, venda de metades de maços de cigarros ou cigarros avulsos.
A FDA, agência que controla drogas e alimentos nos EUA, propôs que os fabricantes de cigarro destinem US$ 150 milhões por ano a um programa de combate aos males provocados pelo fumo.

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